O Salão de Artesanato da Paraíba está na reta final, mas os visitantes ainda podem apreciar peças inspiradas no período medieval e na cultura popular, através da cutelaria, literatura de cordel e xilogravura. A única cuteleira medieval do Nordeste, a artesã Cler Ramalho, destaca a oportunidade de divulgar o ofício que, segundo ela, está se extinguindo no mundo. “São facas artesanais e exclusivas. O processo para fabricação de cada uma dura três dias”, explicou. A madeira utilizada no cabo é reciclada. Ela também utiliza ossos ou chifres de animais.
As peças não atraem apenas colecionadores, mas os apaixonados pela arte de cozinhar e pelo famoso churrasco. “Aqui o turista conhece o produto e, depois do salão, pode participar do curso de cutelaria, onde o aluno aprenderá a produzir sua própria faca”, disse a artesã. Entre os modelos mais procurados estão a faca turca, persa, espadas e punhais medievais, dropp point e alguns modelos exóticos como as facas inspiradas no filme Avatar. Ela ainda produz bengalas em bambu e aço.
Para a turista carioca Ana Peixoto, a arte milenar chama atenção no salão. “Não sabia que podíamos ter acesso a réplicas de facas medievais e que ainda podemos fazê-la. Isso é impressionante, ainda mais por ser uma mulher que as fabrica”, observa a visitante.
Outro destaque do Salão de Artesanato é o artesão, xilógrafo e entalhador, Sales Barros, natural de Areial, interior paraibano. A xilogravura, técnica de gravura em madeira, existe desde o século XV e é aplicada na impressão. Na Paraíba, a arte foi introduzida aliada à literatura de cordel.
O processo de criação da xilogravura requer paciência e criatividade para que o artesão represente diversas temáticas nordestinas como o forró, as festas populares e o cangaço. “Primeiro pegamos uma tábua geralmente de imburana, entalhamos na matriz, pintamos com rolo de borracha, colocamos o papel em cima e com uma colher de madeira vamos movimentando até aparecer a imagem. Em seguida, basta colocar para secar no varal”, resumiu o artista.
“Tento retratar a vida nordestina, com as casas de barro, telhado e personagens”, completou o artesão. No estande encontram-se ainda xilogravuras e cordéis dos renomados José Altino, José Costa Leite e Beto Brito.
O casal Amarildo e Sandra Monteiro, de Belo Horizonte, ficou encantado com a riqueza da cultura local. “Já frequentamos muitas feiras em todo o Brasil, mas a da Paraíba é rica por apresentar artigos genuinamente paraibanos”, observou Sandra.
Serviço – O salão fica aberto até o próximo domingo (27), das 15h às 22h, e nos sábados e domingos, das 15h às 23h. A feira tem entrada franca. O evento é uma realização do Programa de Artesanato da Paraíba, coordenado pela primeira-dama Pâmela Bório, vinculado à Secretaria de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Econômico (Setde).