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Emepa comprova valor nutritivo da mandioca para alimentação animal

terça-feira, 31 de janeiro de 2012 - 15:38 - Fotos:  Secom-PB

mandioca-forma-frescaEstudos realizados pela Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária (Emepa) revelam que 10% a 15% da parte aérea da mandioca é proteína, sendo que as folhas podem atingir em torno de 27%. Além de possuir alto valor nutritivo – muito mais que a raiz –, os ramos e folhas da mandioca possuem excelente aceitabilidade por parte dos animais. Esse material, entretanto, tem sido muito pouco aproveitado na alimentação animal, sobretudo na região do Agreste Paraibano, onde há escassez de alimentos forrageiros.

“Estima-se que uma pequena parte, em torno de 20%, do total das ramas produzidas numa área, é aproveitada para o replantio, restando no campo 80% de um produto de alto valor nutricional para a alimentação dos bovinos, caprinos e ovinos”, estimou o pesquisador Elson Soares dos Santos. Segundo ele, o produtor, depois de colher as raízes, deixa desperdiçado no campo um produto valioso, que poderia ser aproveitado sob a forma de feno e silagem na alimentação de animais durante a seca, quando as pastagens diminuem bastante sua capacidade de suporte.

bovino-racao-mandioca“São mais ou menos 14 a16 milhões de toneladas de parte aérea da mandioca deixadas no campo. Todo esse produto se perde, em vez de ser aproveitado pelos criadores e transformado em mais carne e leite para a população”, revelou o pesquisador.

Pesquisa – Os resultados do uso da mandioca na alimentação de bovinos foram obtidos depois da avaliação do desempenho de bezerras das raças Sind e Guzerá, em função de diferentes dietas à base de mandioca, na Estação Experimental da Emepa, em Alagoinha.

Os animais foram mantidos em confinamento durante 98 dias, tendo sempre à disposição água e sal mineral. As rações foram fornecidas à vontade, em cochos individuais e cobertos.

As raízes da mandioca contêm cerca de 60% a 65% de água e constituem boa fonte de energia (30% a 35% de carboidratos, principalmente amido), pequena quantidade de vitaminas e minerais, além de baixo teor de proteínas. No Nordeste, a produção é quase toda transformada em farinha, para o consumo humano.

Elson informa que as raízes da mandioca promovem ganho de peso, mas, como são pobres em proteínas, devem ser oferecidas aos ruminantes com o suplemento de outras fontes protéicas, como farelos de algodão, feno de leguminosas e a parte aérea da mandioca. “Para uma boa eficiência alimentar e maior ganho de peso corporal, é de extrema importância o balanceamento protéico, energético e mineral da ração”, disse.

Uso da parte aérea – O produtor pode usar a parte aérea da mandioca em forma de feno ou fresca. No entanto, são necessários alguns cuidados antes de fornecê-la aos animais. É importante saber se o material colhido é mandioca mansa (macaxeira ou aipim) ou mandioca brava. No caso da mandioca mansa, o material deve ser picado e fornecido aos animais, não havendo perigo de toxidez. Já a mandioca brava (haste e folha), deve ser cortada, picada e desidratada à sombra, durante 24 horas, para só então ser utilizada sem perigo de intoxicação ou até de morte de animais.

A atividade pecuária passa por uma fase de baixa, com preços de insumos altos e o preço da arroba não acompanhando esta ascensão. A utilização de resíduos industriais da mandioca para a formulação de dietas para bovinos pode ser uma saída, já que os resultados obtidos por diversos pesquisadores têm demonstrado a possibilidade de substituição parcial ou total de fontes energéticas tradicionais pela mandioca.