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Iphaep se despede de Linduarte Noronha e destaca ação pioneira em defesa do patrimônio

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012 - 19:15 - Fotos: 

Ao seu fundador, a eterna gratidão. Com essas palavras, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) se despediu, na tarde desta segunda-feira (30), do primeiro diretor do órgão, o cineasta Linduarte Noronha, que faleceu vítima de complicações cardiorespiratórias.

O atual diretor do Iphaep, Aníbal Moura Neto, acredita que Linduarte é um exemplo a ser seguido pelas atuais gerações e pelas que virão no futuro. “Além do fato de ter sido o pioneiro na defesa do patrimônio histórico, artístico, ecológico e arquitetônico da Paraíba, ele era um mestre, também, no trato com os proprietários dos bens e com a população. Linduarte era uma figura de gestos largos, afável e sempre muito cortês”, disse.

A historiadora Maria Ivonilde Mendonça Targino, que foi responsável pela Coordenadoria de Assuntos Históricos e Culturais do Iphaep durante 20 anos, trabalhou com o cineasta entre os anos de 1977 e 1991. “Era um turbilhão de surpresas”, revela.

Sem conter a emoção, ela recorda um episódio que ficou marcado na sua memória. “Certo dia, cheguei ao gabinete e Linduarte estava sentado na cadeira reclinável, com o guarda-chuva aberto, aparando a água que vinha de uma goteira que havia no teto. Assim era ele: despretensioso, sem vaidades, apesar dos amplos conhecimentos que possuía.” A ex-funcionária diz ainda que Linduarte sempre chamava a todos de “criatura”. “E é assim que eu o vejo: como uma criatura boa, que tinha uma bondade infinita.”

Primeiro presidente – O Iphaep foi criado em 1971, por meio do Decreto n° 5.255, assinado pelo então governador Ernani Sátyro. Foi regulamentado em 1974 e, durante 16 anos (até março de 1991), Linduarte Noronha exerceu o cargo de presidente. Durante sua gestão, o instituto foi responsável pelo tombamento de três cidades históricas – Areia, Pilar e Mamanguape.

A partir da década de 1980, o trabalho dos técnicos do patrimônio estadual também resultou em dezenas de imóveis preservados em João Pessoa. Passaram a ser resguardados, entre outros, o Liceu Paraibano, a Loja Maçônica Branca Dias, o Palácio da Redenção e a sede do Iphaep, na João Machado. Em 1982, foi delimitado o perímetro urbano do Centro Histórico Inicial da Capital paraibana.

Já no interior do Estado, durante a gestão de Linduarte Noronha, foram tombados o Coreto de Itabaiana, a Igreja de São Miguel, em Baía da Traição, e o Teatro Santa Inês, em Alagoa Grande.