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Governo inaugura biblioteca com 3,4 mil livros na penitenciária PB1

terça-feira, 13 de março de 2012 - 16:08 - Fotos:  Kleide Teixeira/Secom-PB
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Foto: Kleide Teixeira/Secom-PB

A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap) inaugurou, na manhã desta terça-feira (13), a biblioteca Em Nome do Bem, instalada nas dependências da penitenciária de segurança máxima Dr. Romeu Gonçalves de Abrantes (PB1 e PB2), em João Pessoa, com um acervo de 3,4 mil livros. O complexo penitenciário também recebeu uma sala onde, a partir da próxima segunda-feira (19), será o espaço de aulas para turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), compostas por detentos.

No acervo da biblioteca, constam títulos diversos, classificados nas áreas de geografia, português, ciências, religião, matemática, história, inglês, autoajuda, enciclopédia, dicionários, jornais e revistas. Atualmente, no Estado, já estão em funcionamento uma biblioteca na Penitenciária de Recuperação Feminina Maria Júlia Maranhão – instalada por meio de parceria com a Fundação Cidade Viva – e outra na Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice – criada com apoio da Faculdade Maurício de Nassau –, ambas na Capital.

A iniciativa no complexo PB1 e PB2 teve a parceria da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que doou o acervo à unidade prisional. Esta é a primeira biblioteca instalada em parceria com a igreja. De acordo com o pastor Miguel Soares, os internos têm necessidade de ocupação. “Há 15 anos, a Pastoral Universal desenvolve trabalhos de evangelização nos presídios paraibanos, com atividades sociais, tentando aplicar a disciplina por meio da Palavra de Deus”, disse.

Para o secretário de Estado da Administração Penitenciária, Harrison Targino, não se faz ressocialização de detentos sem o conhecimento. “A biblioteca favorece isso, recompondo a alma dessas pessoas por meio do saber. Desejamos que essa unidade abra um novo caminho para esses presidiários e que eles reflitam sobre o passado no intuito de projetar um futuro melhor”, frisou. Ainda segundo Harrison, a meta do Governo do Estado é ter em funcionamento, até o final deste ano, 12 bibliotecas internas nos presídios do Estado.

A Seap já se prepara para instalar mais uma biblioteca em parceria com a Iurd, desta vez na Penitenciária Flósculo da Nóbrega – mais conhecida como Presídio do Róger –, em João Pessoa.

Educação de Jovens e Adultos – Na solenidade de abertura da biblioteca, o secretário também fez a entrega de uma sala de aula, instalada. Segundo a gerente executiva do EJA, Maria Oliveira de Moraes, da Secretaria de Estado da Educação (SEE), no espaço, os presidiários terão oportunidade de se alfabetizar e até de assistir a aulas do Ensino Médio.

“Desde 2011, fazemos um diagnóstico nos presídios do Estado e identificando a situação escolar dos detentos. Durante esta semana, todas as unidades prisionais estão recebendo palestras sobre a EJA. No PB1 e PB2, vamos fazer atividades de sensibilização, para que os presos tenham estímulo e busquem sua identidade de cidadão por meio da educação”, explicou. As aulas no local devem ter início na próxima segunda-feira (19).

De acordo com o diretor do presídio, capitão Sérgio Fonseca, os detentos da unidade passaram os últimos dias ansiosos para ter acesso à biblioteca e às aulas. “Eles tomaram conhecimento da instalação dos dois espaços por meio dos próprios pastores. Desde então, mostraram grande expectativa, sobretudo aqueles que já têm consciência da importância da leitura e da educação para o futuro deles”, disse.

Também participaram da solenidade o secretário executivo da Seap, coronel Washington França; o pastor Sérgio Ferreira; o promotor de Execução Penal de João Pessoa, Nilo Siqueira; os representantes do Conselho Penitenciário, Thiago Formiga e Ricardo Medeiros; o ouvidor nacional do Departamento Penitenciário, Leandro Záccaro; e o juiz de Execuções Penais, Carlos Neves da Franca.

Fruto da educação – O sistema prisional paraibano há tempos recebe projetos educacionais executados no interior de penitenciárias, rendendo bons frutos. Um exemplo é o diretor da Penitenciária Regional de Sapé, Silva Neto. Após ter cometido um homicídio, há cerca de duas décadas, ele passou cinco anos preso no Serrotão, em Campina Grande. Lá, por meio de um projeto da Iurd, ele voltou a estudar.

Hoje, além de dirigir uma penitenciária, Silva Neto também é jornalista e estudante de Direito. “Minha história é um exemplo para os demais presos. Sou o único ex-detento a dirigir uma unidade prisional no País”, destacou. Na prática, o exemplo se reflete onde ele atua: a penitenciária de Sapé possui 100% de seus internos matriculados no ano letivo 2012, para assistir às aula dentro da própria unidade.