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Projeto apoiado pelo Estado é apresentado em evento sobre experiências comunitárias em SP

quarta-feira, 21 de março de 2012 - 18:18 - Fotos: 
PEPD - Vivencia

Foto: Secom-PB

Um projeto voltado para o resgate de um grupo de aproximadamente 40 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social em João Pessoa, desenvolvido por Arnaldo Batista Badeco, foi o destaque paraibano durante o evento “Respostas Comunitárias – encontro de saberes e fazeres”, realizado nessa segunda (20) e terça-feira (21), na Fundação Nacional de Artes (Funarte), em São Paulo. O foco primordial do evento foi a criação de uma rede de propostas simples, com o objetivo de solucionar desafios sociais como drogas, exploração sexual, pobreza extrema e vida de rua no Brasil e em outros países da América Latina.

No projeto de Badeco, que tem o apoio do Programa Estadual de Políticas sobre Drogas (PEPD), ligado à Casa Civil, as crianças e jovens são incentivadas à prática de esportes, com aulas de surf na praia do Bessa. “Busquei o esporte para fugir das drogas. Há dez anos, estou empenhado nesse trabalho, atuando com a prevenção contra as drogas e dando uma oportunidade de mudança a esses jovens”, disse ele. De acordo com ele, só podem integrar o projeto crianças matriculadas de forma regular na rede pública de ensino e que apresentem bom comportamento, tanto na escola quanto em casa.

O projeto foi representado no evento pela psicóloga Ana Ouro, do PEPD. Segundo ela, a participação do Estado se faz no sentido de captar ações comunitárias que possam ser implantadas em parceria com o Governo. “A escolinha de surf é um projeto incrível, que inclusive ficou entre os 40 projetos selecionados dentre os 102 enviados a São Paulo para que pudéssemos apresentar o que vem sendo desenvolvido na Paraíba”, contou.

O evento é promovido pelo Instituto Empodera e a ONG Lua Nova, com base em Sorocaba (SP), que representam diversos setores sociais na busca pelo bem da coletividade. A intenção é proporcionar um laboratório vivo de experiências, partilhadas com convidados representantes de uma ampla gama de setores sociais, para solucionar questões complexas e se transformar em boas práticas para as políticas públicas de saúde e direitos humanos.

A secretária Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), Paulina Duarte, realizou a abertura do encontro e falou da importância da comunidade no processo de combate às drogas. “Nenhuma política sobre drogas é efetiva se não houver a participação social. Ações comunitárias são ações simples, baratas e com grande impacto no que diz respeito à participação da sociedade”, afirmou.

Parceria – O PEPD está firmando parcerias junto às secretarias de Esporte e de Desenvolvimento Urbano de João Pessoa no sentido de estabelecer um local para a realização das aulas de surf, devido à recente desapropriação realizada pela União. O objetivo é transformar a área localizada no final da praia do Bessa em um espaço esportivo e ampliar o número de crianças e adolescentes atendidos pelo projeto.

O ex-aluno e hoje voluntário da “Escola Educando com o Surf”, Djarlon Lucena, falou da importância do projeto em sua vida. “Há dois anos eu era um dependente químico, mas o esporte me trouxe saúde e qualidade de vida. Hoje sou um voluntário da escola e trabalho junto com o Badeco”, disse. Djarlon é atleta de surf competitivo e representa a Paraíba na categoria long board em campeonatos por todo o país. Recentemente, ele ocupou o 6º lugar no campeonato nordestino de surf, dentro de sua categoria.

De acordo com a coordenadora do Centro Regional de Referência para Formação de Profissionais na área de Drogas (CRR), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), Vânia Medeiros, a Paraíba está vinculada a uma rede nacional, coordenada pelo Instituto Empodera e Lua Nova, por meio de pesquisas de respostas comunitárias nas áreas de prevenção, trabalho, dignidade humana e saúde.

“Temos ações específicas, como o uso de drogas e outras vulnerabilidades sociais, e integramos uma rede de centros de formação que foi implantada ainda no Governo Lula. A proposta do Centro é a de descentralização na área de formação em todo o país”, disse. Vânia informou ainda que a Paraíba foi o estado responsável pela formação da primeira turma, no país, com mais de 300 profissionais do Sistema Único de Saúde SUS e do Sistema Único de Assistência Social (Suas).

“Em dez anos de atuação, temos visto que quem tem realmente feito contato com usuários de drogas e pessoas em situação de vulnerabilidade são as comunidades. Por esse motivo, quisemos dar visibilidade a essas experiências comunitárias que atuam veementemente e não têm a oportunidade de ser vistos”, concluiu Raquel Barros, presidente da ONG Lua Nova. A ONG trabalha com mulheres usuárias de drogas, contribuindo para a sua inserção na sociedade.

A coordenadora técnica do Instituto Empodera, Marta Volpi, enfatizou as ações desenvolvidas pela entidade, como a formação de pessoas na metodologia chamada Tratamento Comunitário. Nele, o cidadão comum é preparado para protagonizar os processos de transformação social. “Nossa proposta é apresentar respostas comunitárias de pessoas simples, de cidadãos comuns, como uma intervenção muito séria no campo relacionado a drogas, pobreza extrema e outras vulnerabilidades”, disse.