João Pessoa
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Oficina pedagógica é marcada por depoimentos sobre mudanças nas práticas de saúde

quinta-feira, 12 de julho de 2012 - 16:24 - Fotos: 

Momento da Oficina de AvaliaçãoO Centro Formador de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (Cefor-PB), promoveu, neste mês, na sede da instituição, em João Pessoa, a Oficina Pedagógica do Curso Técnico em Vigilância em Saúde (TVISA), de avaliação do primeiro módulo. O evento reuniu coordenadores e facilitadores das nove turmas (João Pessoa e Campina Grande, com duas turmas, cada; Patos, Cajazeiras, Monteiro, Catolé do Rocha e Cuité).

No primeiro dia, a diretora geral do Cefor, Márcia Rique Carício; a diretora pedagógica, Fátima Silva, e a coordenadora estratégica do TVISA, Cínthia Galiza, se reuniram com os coordenadores locais, que apresentaram avaliação, com as potencialidades e dificuldades apresentadas no decorrerdo primeiro módulo, que ocorreu de janeiro a junho.

Durante dois dias, a assessora pedagógica do Cefor-PB, Elisa Gonsalves, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da  Universidade Federal da Paraíba (UFPB), avaliou, junto com os coordenadores e facilitadores, a nova didática que está sendo implementada na formação. Trata-se da Curva Pedagógica, um método inovador, criado pela própria pesquisadora, que tem o Cefor-PB como a primeira experiência institucional.

Além de contemplar os momentos de aprendizagem teóricos e práticos, a Curva Pedagógica cria efetivos espaços para a aprendizagem do que a autora chama de “competência afetiva” que, segundo ela, é a ferramenta mais poderosa para o desenvolvimento de práticas humanizadas em saúde.

A Oficina Pedagógica, que tem a função de avaliar os resultados obtidos com a aplicação deste método inovador, foi mais um indicador na comprovação empírica de resultados. A Curva Pedagógica tem uma aprovação absoluta entre os facilitadores e os próprios estudantes-trabalhadores.

Depoimentos – Uma facilitadora relatou o caso de uma estudante que, ao iniciar o curso, tinha uma expectativa somente de conseguir o certificado, mas, no decorrer, com o novo método, sentiu-se motivada a participar, interagir, discutir e modificar suas práticas profissionais.

A facilitadora Rachel Fonsêca, que integrou uma das turmas de João Pessoa, relembrou um fato ocorrido no primeiro dia de aula, quando a discussão era o Sistema Único de Saúde (SUS). “No começo, todos queriam falar ao mesmo tempo sobre suas experiências enquanto usuários. Eu e a colega facilitadora resolvemos adotar a dinâmica da “árvore do SUS”, onde cada um, com uma palavra, definiria o Sistema. O resultado foi maravilhoso. Ao final, eles conseguiram observar mais pontos positivos do que negativos e ainda construíram ótimos textos e até paródias, com aquelas palavras”, disse.

Por meio dos depoimentos, percebeu-se também que a nova metodologia está indo além das práticas profissionais e modificando atitudes dos profissionais enquanto cidadãos. “Uma estudante veio me dizer que, a partir do curso, melhorou até o relacionamento dela com o filho. Outro, que estava com problemas de relacionamento no ambiente de trabalho, depois que falamos muito sobre o amor e respeito, tomou coragem e pediu perdão”, contou a facilitadora de Patos, Ana Raelma Mendes.

Os depoimentos ainda deixaram claro que as mudanças não ocorrem somente entre os estudantes-trabalhadores. “O curso tem modificado nossas vidas e nos transformado em pessoas melhores”, disse a facilitadora Maryama Naara Felix, da turma de Patos.

“Ouvindo estes depoimentos ficamos muito felizes em perceber que o nosso objetivo, de transformar e humanizar os processos de trabalho nos serviços do SUS, onde os estudantes atuam, está sendo alcançado. Melhoramos o serviço quando as pessoas se dispõem a serem pessoas melhores”, disse a diretora geral, Márcia Rique Carício. Ela lembra que tudo isso está sendo possível graças a Curva Pedagógica, metodologia instituída com o desafio de agregar uma prática humanizada, como preceitua o SUS, e a competência e dedicação dos professores/facilitadores, coordenadores e toda equipe gestora do Cefor-PB.

A idealizadora do método, Elisa Gonsalves, explicou que, ao desenvolver a “competência afetiva”, por meio da Curva Pedagógica, experimentam-se no Curso TVISA sentimentos de ternura, na relação com o outro; controle de humores, inimizades e antipatias, sempre que interferirem na eficácia ou na ética do trabalho realizado e influenciar o clima organizacional da unidade de saúde com emoções positivas.

“Testemunhar a excelência pedagógica de um curso é emocionante. Para mim, a Curva Pedagógica é um presente que ofereço, com muito amor, para todos os profissionais que se dedicam a realizar uma educação de qualidade. Ao final dessa oficina, estou muito emocionada, por ter a certeza de que estamos no caminho certo, por ter encontrado parceiros no âmbito governamental, em especial, a diretora Márcia Rique, que teve a sensibilidade de acreditar que o novo pode gerar uma qualidade maior na educação”, disse Elisa.

Histórias de Vida modificadas – Luciano da Silva é o atual secretário municipal de Saúde da cidade de Livramento (243 km da Capital). Ele conta que, quando começou a fazer o Curso Técnico em Vigilância em Saúde, na turma de Patos, era diretor do Departamento de Saúde e o convite para a Secretaria surgiu porque começou a se destacar, quando repassava para a prática o que aprendia em sala de aula.

“Depois do curso, passei a enxergar a saúde com outros olhos. Antes, eu via a saúde somente no modo de tratar o cidadão naquele problema específico que o fazia procurar o serviço. Hoje, percebo que a saúde é muito mais que isso: começa em casa, no bairro, na comunidade”, disse Luciano, que está cheio de planos para implantar na Secretaria, com base nos ensinamentos do curso. “A humanização nos serviços e o cuidado com o outro serão minha bandeira de luta”, concluiu.

A vida de Micarla Bezerra, da turma de Cuité, também mudou, de forma radical, por conta do curso. Ela é concursada como auxiliar de serviços gerais, da Secretaria de Saúde de Baraúna (231 km de João Pessoa), e há 10 anos trabalhava na marcação de consultas, função que ocupava quando começou a fazer o curso, em janeiro deste ano. Por causa dos conhecimentos que foi adquirindo, foi convidada para coordenar a Vigilância Sanitária do município.  Como não tem um curso de graduação, não pode assumir, mas, atualmente, está em outra função: é a responsável pelo Conselho Municipal de Saúde da cidade.

“Na primeira reunião que tive no Conselho, sugeri uma visita, o que já aconteceu, à Vigilância Sanitária do Município, onde foi observado se o trabalho vem sendo feito de forma adequada, tudo a partir do que aprendi no curso, até agora”, contou. Ela lembrou de outras mudanças em sua vida, a partir do TVISA. “O curso significa uma bênção em minha vida. Pra quem não tinha nem coragem de falar em público, hoje estou até dando palestras sobre vigilância em saúde. Isso porque me sinto segura em repassar o que está sendo dado em sala de aula por meio de uma excelente metodologia”, falou.

No município de Mamanguape, a 62 km de João Pessoa, o Curso Técnico em Vigilância em Saúde também vem fazendo o diferencial. A técnica de enfermagem Berenice Falcão, da Vigilância em Saúde de Mamanguape, é aluna de uma das turmas de João Pessoa, junto com mais três colegas de trabalho. Ela contou que o secretário de Saúde da cidade convidou os quatro para organizar e realizar a “I Oficina de Humanização e Acolhimento”, evento que aconteceu no último dia 19 e reuniu 165 pessoas, entre Agentes Comunitários de Saúde; Agentes de Endemias e recepcionistas da área de saúde. “Tudo que a gente viu e está vendo em sala de aula, aqui no Cefor-PB, levou para a prática e o resultado foi muito proveitoso”, concluiu.