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Agevisa alerta agricultor paraibano para proibição de agrotóxico que está banido do Brasil

quarta-feira, 25 de julho de 2012 - 17:14 - Fotos: 

O diretor geral da Agência Estadual de Vigilância Sanitária da Paraíba, Jailson Vilberto, alerta os agricultores e demais consumidores paraibanos de fertilizantes para a proibição do uso do agrotóxico metamidofós. Jailson lembrou que a utilização do produto está proibida em todo o Brasil desde o dia 30 de junho passado.

“Banido do mercado brasileiro por decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conforme RDC n° 01, de 14 de janeiro de 2011, o agrotóxico metamidofós entrou na ‘lista negra’ da Anvisa após a constatação, por meio de estudos toxicológicos, de que o produto causa prejuízos ao desenvolvimento embriofetal; apresenta características neurotóxicas e imunotóxicas, e causa toxicidade sobre os sistemas endócrino e reprodutor, conforme referências científicas e avaliação elaborada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)”, ressaltou.

Pelo alto grau de danos causados à saúde humana, o metamidofós (que no Brasil vinha sendo utilizado no controle de pragas nas culturas de algodão, amendoim, batata, feijão, soja, tomate para uso industrial e trigo) já teve o uso banido em países como China, Paquistão, Indonésia, Japão, Costa do Marfim, Samoa e no bloco de países da Comunidade Europeia. O produto também se encontra em processo de retirada do mercado norte-americano.

“Para banir o referido agrotóxico do mercado brasileiro, a Anvisa tomou por base Nota Técnica elaborada por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz e posteriormente analisada conjuntamente por técnicos da própria Anvisa, do Ibama e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, informou Jailson Vilberto.

A Nota Técnica da Fiocruz, segundo ele, recorre ao disposto na Lei n° 7.802/1989 para informar que “um agrotóxico se enquadra nas proibições de registro, quando há ausência de métodos para desativação do produto, ou de antídoto ou tratamento eficaz; quando provoca distúrbios hormonais ou danos ao aparelho reprodutor; quando é teratogênico, carcinogênico ou mutagênico, e quando se apresenta mais perigoso para o homem do que em animais”.

“Segundo constataram os especialistas da Fiocruz, o metamidofós possui vários efeitos adversos para a saúde humana. Além disso, é um organofosforado extremamente tóxico (Classe I) e vem sendo utilizado em culturas não autorizadas ou com restrições, resultando em limites de resíduos acima do permitido”, comentou o diretor geral da Agevisa/PB.

Para dar a ideia exata do perigo da utilização do produto, os especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmaram, na Nota Técnica citada por Jailson Vilberto, que a intoxicação aguda por metamidofós induz uma série de efeitos deletérios sobre a saúde de humanos e animais.

Eles explicaram que em manifestações menos graves pode ocorrer vômito, diarreia, sudorese excessiva, salivação, lacrimejamento, miose, broncoconstrição, cólicas abdominais, bradicardia, taquicardia, dor de cabeça, tontura, cansaço, ansiedade, confusão mental e visão turva. Já em casos mais graves pode ocorrer convulsão, depressão do centro respiratório, fasciculação dos músculos respiratórios com paralisia muscular, parada respiratória, coma e morte.
Prazo legal – Determinada pela RDC n° 01, de janeiro de 2011, a proibição definitiva da utilização do agrotóxico no Brasil (com o consequente cancelamento de todos os informes deavaliação toxicológica de produtos a base de metamidofós) só passou a vigorar no dia 1° de julho. “Com isso, os agricultores tiveram tempo suficiente para substituir o produto por outros inseticidas”, comentou Jailson Vilberto, lembrando que a comercialização já estava proibida desde o dia 31 de dezembro de 2011.
Saiba mais – Estudos mostraram a presença de resíduos de metamidofós em alimentos que fazem parte dos hábitos alimentares da população brasileira e indicaram que a exposição humana a esse organofosforado é um grave problema de saúde pública.

O metamidofós possui elevado potencial de imunossupressão, uma vez que inibe a formação de anticorpos, e isso é muito grave porque pode aumentar a susceptibilidade a doenças infecciosas e o desenvolvimento de neoplasias malignas, incluindo o aumento do risco de desenvolvimento de câncer.

Em paralelo ao potencial efeito imunossupressor, o metamidofós induz efeitos genotóxicos que podem iniciar a produção de células tumorais.

Estudos realizados em animais de laboratório (ratos e cães) expostos ao metamidofós mostraram alterações no ovário, útero, testículos, epidídimo, tireóide e adrenais.