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Cooperar retoma credibilidade junto ao agricultor e investe R$ 35 milhões

segunda-feira, 11 de junho de 2012 - 12:25 - Fotos:  Antonio David/Secom-PB
inseminaçao de ovino e caprino foto joao francisco secom pb (38)

Foto: João Francisco/Secom-PB

Os convênios com associações comunitárias e cooperativas retomaram a continuidade e em um ano e meio foram 337 subprojetos financiados, um ritmo diferente dos anos em que o Cooperar ficou praticamente sem atuação. Em 2009 e 2010, o acordo de empréstimo com o Banco Mundial teve um processo de tramitação demorado em Brasília. Por isso, os beneficiários ficaram sem atendimento e no prejuízo. O acordo só voltou a valer no ano passado, com um novo destaque. Agora, o foco é na produção do campo, com os subprojetos produtivos.

De abril do ano passado até hoje, o Cooperar assegurou cerca de R$ 35 milhões para 19 mil famílias. Os subprojetos financiados beneficiaram as áreas de infraestrutura (cisterna, passagens molhadas, abastecimento d’água etc.), produtiva  (agricultura irrigada, apicultura, avicultura, piscicultura, etc.) e sociais (reciclagem de resíduos sólidos).

“Em pouco mais de um ano conseguimos reequilibrar o trabalho do Governo. Em 2009 e 2010, o Estado só liberou três convênios”, ressalta o gestor do Projeto Cooperar, Roberto Vital. Segundo ele, naqueles dois anos foram financiados apenas R$ 460 mil para dois municípios. “Pouco mais de 150 famílias foram beneficiadas e mesmo assim com muita dificuldade”, lembra.

Em 2011, o contrato de empréstimo com o Banco Mundial foi retomado e o número de convênios aumentou. De acordo com o gestor, o trabalho agora é de valorização do homem do campo, para que ele volte a enxergar o Cooperar como um parceiro. Uma das novidades é a intensificação do processo de capacitação com os beneficiários, a exemplo do Projeto de Redução da Pobreza Rural (PRPR). O projeto adotou como metodologia o sistema ITOG, que faz uma capacitação imersa, com foco na renda das famílias. A ideia é incentivar os investimentos em tecnologia, organização e gestão das atividades, para assim obter maior lucro.

Roberto Vital disse que antes o Cooperar focava mais no financiamento de subprojetos de infraestrutura, demandando menos capacidade de gestão dos beneficiários. Hoje, as atenções se voltam para os subprojetos produtivos e por isso há necessidade de mais orientação e assessoria específica.

O presidente do assentamento Nova Vida, em Pitimbu, Carlos Antero Fidélis, foi um dos mais de mil produtores rurais capacitados em um ano de trabalho. “Já estamos colocando em prática o que aprendemos. Nós queríamos implantar um subprojeto de irrigação comunitária e precisávamos de orientação. Foi aí que entraram os técnicos do Projeto Cooperar e de outras instituições parceiras. Agora, estamos na expectativa dos lucros”, falou o presidente.

Outra mudança, ocorrida nos últimos meses, foi a unificação dos conselhos municipais relacionados à agricultura. Na maioria dos municípios, existe um Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), onde são discutidas e priorizadas pelos produtores rurais e sociedade civil organizada, num só espaço democrático, as demandas das comunidades rurais. Participam da reunião instituições, como Emater, Interpa, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Projeto Cooperar, Sedap, Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores e igrejas. Antes, eram várias reuniões para definir as demandas. Hoje, o processo é mais ágil.

Arroz vermelho – Entre as ações recentes do Cooperar também se destaca o apoio à produção do arroz vermelho, no vale do Piancó. A produção é secular, mas não recebia o devido valor. Nas comunidades, o sentimento de muitos agricultores era de tristeza. A família de Lindoberto Costa de Araújo, que mora em Serra Branca, distrito de Santana dos Garrotes, lamentava o desinteresse do poder público. “Era difícil ver essa cultura desaparecer, já que por muitos anos os agricultores prosperaram com ela”, disse.

Diante disso, o Cooperar por meio de capacitação, identificou as famílias que gostariam de retomar a produção do arroz vermelho e, logo, encontrou centenas de produtores interessados. “Eu via o orgulho dos meus avós quando falavam dessa cultura e sempre quis investir na produção. Com o novo olhar do Governo, acredito que o arroz vermelho vai se sustentar por muitos anos pela frente”, falou Lindoberto emocionado. Na Associação, existem cerca de 50 famílias. Todas cheias de expectativa, prontas para investir em mão-de-obra e equipamentos.

Além de Santana dos Garrotes, outros municípios recebem atenção para a cultura do arroz vermelho. São eles: Itaporanga, Igaracy, Olho D’água, Emas, Pedra Branca, Nova Olinda, Diamante, Boa Ventura, Curral Velho, Santana de Mangueira e Piancó.

Empreender-PB – Nos últimos meses, o Programa Empreender-PB também se tornou parceiro importante das ações do Projeto Cooperar. O programa de crédito do Governo do Estado complementa os empréstimos solicitados pelos agricultores que ultrapassam o teto estabelecido pelo Banco Mundial.

“O Banco só libera projetos de até 50 mil dólares, mas alguns subprojetos demandam investimentos superiores ao teto estabelecido pelo Banco. A parceria com o Empreender-PB surgiu nesse sentido, como forma de suplementar esse investimento”, explica o gestor do Projeto, Roberto Vital. Hoje, a parceria está voltada às áreas de mineração e avicultura, mas a tendência é de ampliar o acordo para outros tipos de projetos.

Agricultores familiares apostam na apicultura como fonte de renda

Foto: Secom-PB

Seca – O Cooperar ainda acompanha as consequências vivenciadas pelos agricultores por causa da seca que hoje envolve quase todo o Estado. Convênios assinados são revistos e replanejados, de comum acordo com os produtores. “Assinamos um convênio em dezembro do ano passado, em Monteiro, por exemplo, beneficiando 38 famílias que queriam investir na caprinocultura. Com a seca inesperada, sugerimos redirecionar os investimentos, na tentativa de minimizar os efeitos da estiagem”, explicou Roberto Vital. Os beneficiários concordaram com a ideia. Desta forma, decidiram usar parte dos recursos financiados para a produção de palma e reforçar a alimentação animal.

Orçamento Democrático – A participação efetiva nas plenárias do Orçamento Democrático Estadual também se tornou um dos destaques do Projeto Cooperar este ano. Nas plenárias realizadas até agora foram liberados mais de R$ 16 milhões, beneficiando aproximadamente 7.500 famílias. “As plenárias agilizam a assinatura dos convênios, atendem diretamente às necessidades da população e facilitam a liberação de crédito”, ressaltou o gestor Roberto Vital.

Uma das associações beneficiadas fica em Marizópolis, a 450 km da capital. O grupo tem 22 famílias e trabalha com produção e comercialização artesanal. “Solicitamos 89 mil reais para fortalecermos o nosso projeto. Acreditamos que com essa liberação vamos melhorar ainda mais o trabalho e conquistar novos mercados”, disse a presidente da entidade, Maria Aparecida da Silva.