Cerca de 100 pessoas, entre profissionais de saúde e representantes de entidades de classe, estiveram presentes no seminário realizado nesta quarta-feira (17), em João Pessoa, para avaliar os resultados da Rede de Cardiologia Pediátrica da Paraíba (RCP). O evento aconteceu no auditório da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), onde o coordenador rede de maternidades para o diagnóstico precoce da cardiopatia na Paraíba, Cláudio Teixeira Régis, apresentou os resultados obtidos desde o funcionamento da RCP.
Desde a assinatura do convênio que possibilitou a Rede de Cardiologia Pediátrica da Paraíba (RCP) e o Círculo do Coração de Pernambuco (CirCor-PE), no dia 17 de outubro do ano passado, mais de 15 mil crianças foram avaliadas. Também foram realizados mais de 300 ecocardiogramas e mais de 250 cardiopatias foram identificadas em neonatos. Além disso, a rede realizou mais de mil consultas e exames e cerca de 100 cirurgias em crianças com doenças cardíacas, beneficiando nove municípios paraibanos.
Cláudio Teixeira Régis apresentou o panorama encontrado pelos profissionais envolvidos no projeto antes de sua implantação. “Do total de mulheres que engravidam na Paraíba, 22% estão na faixa etária entre 14 e 19 anos, ou seja, passam pela gravidez na adolescência. Aproximadamente, 53% das mães que realizam pré-natal, vão a menos de 7 consultas, que é o número recomendado. Além disso, não existia no estado um serviço público de referência em cardiologia pediátrica. Tais problemas eram agravantes no diagnóstico e tratamento das crianças com cardiopatias congênitas na Paraíba”, explicou.
A partir da percepção destes problemas, foi pensada uma estrutura para a implantação da Rede de Cardiologia Pediátrica da Paraíba (RCP), não só com a aquisição de equipamentos para a realização de exames de oximetria e ecofuncional, fundamentais para o diagnóstico precoce de cardiopatias congênitas em recém-nascidos, como a capacitação de mais de 80 profissionais, entre enfermeiros, neonatologistas e pediatras. “Atualmente, a rede conta com 20 coordenadores que fazem a ponte Paraíba/Pernambuco via videoconferênacia e também de forma presencial, não só com auxílio na triagem e no monitoramento de pacientes, como também na realização das cirurgias e capacitação dos profissionais envolvidos”.
A secretária executiva de Estado da Saúde, Cláudia Veras, disse que o seminário celebra e presta conta à sociedade dos resultados obtidos em um ano de convênio firmado entre Governo do Estado da Paraíba, através da SES, e o CirCor-PE, para o diagnóstico e tratamento das crianças cardiopatas paraibanas.
“O convênio assinado há um ano, assim como a criação da rede que hoje envolve e interliga 12 maternidades em todo estado, foi um avanço importante para a Paraíba. Conhecíamos a dificuldade que a Paraíba enfrentava para o tratamento de nossas crianças e depois de um árduo caminho conseguimos implantar não só um projeto, mas uma política de governo com um olhar voltado para a rede de cardiologia. Hoje, além de apresentar e avaliar os bons resultados obtidos, partiremos para novas metas, inclusive no que se diz respeito à expansão de atendimento, deixando de restringir-se ao neonatal, passando também para o atendimento pediátrico”, explicou a Secretária Executiva de Saúde.
Depoimentos – Entre as cirurgias realizadas, está a de Rashid de Freitas, diagnosticado aos 9 meses com uma cardiopatia congênita. Segundo a mãe da criança, Cristiane Viera, Rashid apresentava alguns sintomas que a fizeram procurar auxílio médico. “Ele teve algumas crises convulsivas, e além disse estava sempre muito cansado e doente. Fui ao Hospital Arlinda Marques e obtive um excelente tratamento de todos os profissionais, desde as pediatras até as técnicas em enfermagem que eu passei a chamar de anjinhas azuis. Rashid foi internado no dia 23 de novembro. A cirurgia foi um sucesso e mesmo quando passou alguns dias na UTI,recebeu todo o tratamento adequado. No dia 16 de dezembro, meu filho deixou o hospital e hoje passa apenas por consultas de acompanhamento. É uma outra criança. Pula e brinca como qualquer outra, cheio de energia; e eu só tenho a agradecer a todos que fazem parte desta rede”, declarou.
A rede – Além do HU da Capital, a rede é formada por 12 maternidades estruturadas para realizar o diagnóstico da cardiopatia e tem três serviços de referência: Cândida Vargas, em João Pessoa, o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, e o Hospital Peregrino de Carvalho, em Patos.
Na Capital estão interligadas à rede as maternidades Frei Damião, Arlinda Marques e Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho. Na região de Campina Grande, estão ligadas as maternidades das cidades de Esperança, Monteiro e Picuí. E na área de Patos, estão interligadas as maternidades dos municípios de Itaporanga, Sousa e Cajazeiras.
Os médicos que participam da Rede de Cardiologia da Paraíba realizam uma triagem por meio do exame de oximetria em todos os recém-nascidos em até 24 horas após o nascimento. Trata-se de um exame que mede a saturação de oxigênio no sangue. Nos casos em que é detectada alguma anormalidade, os bebês são encaminhados para realizar exames mais aprofundados, como o ecofuncional.
Tecnologia – Como forma de proporcionar uma melhor integração entre os médicos e as Centrais instaladas no Hospital Arlinda Marques e a Associação Círculo do Coração, agilizando o diagnóstico e possibilitando a discussão de casos através de teleconferências, o Governo do Estado fez a entrega Ipads para as 12 maternidades. Os equipamentos estão agilizando o diagnóstico e o atendimento aos bebês que nascerem com doença cardíaca.
Cláudio Teixeira Régis explicou essa estrutura de internet interliga todos os hospitais e maternidades. “A intenção é que os médicos possam se qualificar tirar dúvidas, trocar experiências, dialogar sobre os casos, realizar de maneira rápida o diagnóstico da doença e planejar melhor as cirurgias cardíacas infantis”, finalizou.