O Centro de Atenção Psicossocial Ad-III Jovem Cidadão, que integra a rede de assistência do Estado na área de saúde mental, foi elogiado pelo Ministério da Saúde devido ao grande número de atendimentos realizados no mês de agosto deste ano.
De acordo com a diretora do CAPS, Marileide Martins, foram 627 atendimentos, superando a média de vários Estados. Para ter receber recursos do Ministério da Saúde, o serviço tem que fazer no mínimo 58 atendimentos mensais como determina o Formulário de Atenção Psicossocial (RAAS).
Marileide Martins explicou que além de parabenizar o serviço pelo volume de atendimentos, o Ministério da Saúde está indicando o CAPS como referência para outros Estados do Norte e Nordeste que estão implantando esse serviço a exemplo do Piauí, Maranhão, Ceará, Amazonas e Pernambuco. “Esses Estados, estão nos procurando e solicitando informações sobre o nosso funcionamento, as ações e serviços”, disse a diretora.
Ela disse que esse reconhecimento por parte do Ministério da Saúde premia o esforço da equipe que todos os dias se põe em contato direto com os usuários e sempre busca um atendimento com qualidade, eficiência e humanizado. “Isso mostra que estamos no caminho certo. O reconhecimento é um incentivo para continuarmos na luta contra as drogas, que têm dizimado tantos jovens em nosso Estado e no País”, disse a diretora.
Tratamento individual e familiar – De acordo com Marileide Martins, o CAPS Ad III Jovem Cidadão oferece atendimento individual e familiar ao usuário de álcool e drogas. “Esse é um dos nossos diferenciais, porque outros serviços oferecem apenas o tratamento em grupo”, disse Marileide Martins. Outra ação destacada por ela é o projeto de geração de renda, que já colocou no mercado de trabalho 112 ex-usuários de drogas por meio de parcerias com empresas e instituições.
Marileide Martins disse ainda que o CAPS oferece atendimento domiciliar. Ela explica que se a família não conseguir convencer o paciente a ir até o CAPS, pode ligar para o serviço e uma equipe de profissionais irá até a residência e, com ajuda da Unidade de Saúde da Família, fará uma avaliação do paciente e e toma as providências para o tratamento. “Também estamos fazendo busca ativa para identificar novos usuários de drogas e de álcool e providenciar o tratamento dessas pessoas”, disse a diretora.
No CAPS, os pacientes recebem assistência médica e participam de oficinas terapêuticas que ajudam na sua recuperação. Marileide Martins disse que muitas vezes o paciente deixa o vício das drogas, mas fica com problema mental e continua sendo atendido no serviço. “Temos pacientes que deixaram o vício das drogas há mais dez anos, mas como apresentam transtornos mentais, continuam em tratamento aqui no CAPS, mesmo não sendo a nossa referência nesse tipo de atendimento”, afirma a diretora.
Uma das pessoas atendidas no CAPS é o músico Alisson, de 36 anos. Ele conta que teve um surto psicótico, chegou a se internar em hospitais psiquiátricos onde tomou drogas “pesadas” e por isso teve problemas de saúde a exemplo de intoxicação. “Depois que vim aqui para o CAPS, há dois anos, a minha vida mudou totalmente e hoje me sinto outro homem. Pretendo voltar a exercer a minha profissão de músico o mais rápido possível”, destacou.
O ex-morador de rua Severino, 44 anos, fala emocionado da quantidade de vezes em que deu entrada em hospitais psiquiátricos na tentativa de se livrar do vício das drogas e do álcool: “Foram 128 entradas no Juliano Moreira, 17 no Instituto de Psiquiatria da Paraíba e 90 no Hospital São Pedro, e só aqui no CAPS eu estou conseguindo me recuperar dessa vida que só me trouxe prejuízo”, disse. Severino atualmente trabalha como auxiliar de serviços gerais em um hospital de João Pessoa e está tentando construir uma família.
“Passei oito anos usando crack, me internei em quatro fazendas para desintoxicação de drogados e também passei pelo Instituto de Psiquiatria da Paraíba e só aqui no CAPS consegui o que tanto queria: me livrar das drogas”, disse o marceneiro Evandro, de 25 anos, que há 15 dias vem sendo atendido pelo CAPS.
Ele disse que vai ao CAPS para participar das oficinas terapêuticas, reencontrar os amigos e conversar com a equipe de profissionais. “Eu recebo aqui carinho, atenção e respeito. Atualmente estou trabalhando de servente de pedreiro, mas meu objetivo mesmo é voltar a exercer a minha arte, que é a marcenaria”, confessou emocionado.
Serviço: O CAPS Ad III Jovem Cidadão está localizado na Rua Sinésio Guimarães, 163 – Bairro da Torre, em João Pessoa. O telefone é (083) 3218-5902.