João Pessoa
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representante de entidade internacional profere palestra e mostra a receita do desenvolvimento

quinta-feira, 9 de julho de 2009 - 16:44 - Fotos: 

A economista Tânia Bacelar, representante da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e uma das palestrantes do Encontro dos Secretários dos Governos do Nordeste, realizado nesta quinta-feira (9) no Palácio da Redenção, em João Pessoa, disse que o Brasil e o Nordeste mudaram muito nos últimos anos, por conta da estratégia nacional que favoreceu essa situação, com o Governo Federal estimulando o consumo de bens, com políticas sociais e transferindo renda, além de reajustes sucessivos do salário mínimo, o que também foi muito importante.

Ela proferiu a palestra ‘Nordeste – Mudanças recentes e propostas’, lembrando que  metade dos trabalhadores com ganho mensal de até um salário mínimo está no Nordeste, apesar da região abrigar apenas 28% da população do País.

Mais crédito – Uma outra iniciativa de peso pelo consumo foi a ampliação do crédito. O Nordeste tem liderado o aumento do comércio no Brasil nos últimos anos. Vários grupos empresariais pequenos, médios e grandes revisitaram a região nesse período, instalando ou ampliando unidades. A economista da CEPAL destacou que a Petrobras teve um papel muito importante na região, quando mudou a política de refinaria. “Não ampliou as antigas unidades, a estatal optou pela instalação de novas refinarias (Maranhão, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte). A Petrobras modificou ainda a política de compras de navios, está recuperando a indústria naval do País, o Nordeste se candidatou e o fato é que estaleiros estão em construção na Bahia e Pernambuco”, observou.

Propostas – Tânia Bacelar revelou que a fase atual de crescimento da região nordestina é só o começo. Ela entende que os desafios são grandes e é preciso identificar e investir em prioridades, como a educação, por exemplo. “Essa continua sendo uma desvantagem grande da nossa região porque nos índices educacionais do Brasil, que já são baixos, os nossos são bem mais baixos”, observou.

Extensão rural é uma outra preocupação da cientista. Ela revela que é preciso levar conhecimento à população rural nordestina. A região tem 28% da população do País, mas reúne 43% da População Economicamente Ativa (PEA) na agricultura nacional. “O problema é que só detém 14% da produção agrícola do País, muita gente pra produzir pouco e este é um sinal vermelho”, alertou.

Como mudar – Uma variável estratégica para mudar esse quadro é produzir com mais competência e isto só quem faz é quem sabe. Daí a necessidade de levar conhecimento aos produtores rurais para aumentar os índices da produtividade. Tânia Bacelar ressalta o potencial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “mas no Nordeste o órgão praticamente não encontra quem leve sua tecnologia e seus conhecimentos dos laboratórios para o produtor”.

A economista lembra que o semi-árido nordestino tem potencial. Depois do algodão, foi descoberta a ovinocaprinocultura, a Paraíba descobriu as flores e tem uma cooperativa de mulheres que as produzem no semi-árido.

“Sobre a participação dos políticos e dos empresários nordestinos, existe um discurso novo. Eles também são responsáveis pela situação atual de desenvolvimento do Nordeste”, avaliou. Por fim, a economista revela que o Brasil hoje tem uma política industrial com cinco segmentos onde pode ser competitivo no mundo. Dos cinco setores, o Nordeste, na sua visão, pode disputar nas áreas de fármacos e tecnologia da informação e da comunicação. “A região já dispõe do Pólo Fármaco e o Instituto Nacional de Fármacos, além da tecnologia da informação com pólos em Campina Grande (PB), Recife (PE) e Ilhéus (BA)”, concluiu.

Josélio Carneiro, com fotos de Antonio David, da Secom-PB