A sétima audiência pública da Comissão Estadual da Verdade reuniu na manhã desta terça-feira (22), no Liceu Paraibano, em João Pessoa, dois militantes políticos presos na época da ditadura militar e que cumpriram pena em um presídio na Ilha de Itamaracá (PE). José Calistrato e Emilson Ribeiro foram ouvidos por quase três horas. Eles contaram como era a resistência à ditadura e como foram os meses de prisão e de torturas.
O depoimento dos militantes será incluído em um documento que será enviado para a Comissão Nacional da Verdade, em fevereiro de 2014, e para o relatório final da comissão, em março de 2015.
Para o comerciante José Calistrato, 68 anos, que passou 10 anos preso em Itamaracá e alguns meses sendo torturado, as reuniões da comissão são indispensáveis para levar ao conhecimento público, principalmente da gerações mais jovens, os males causados pela ditadura. “A tortura e o assassinato de adversários políticos tornou-se uma política de estado, dirigida por generais fascistas durante 21 anos”, relembrou o ex-membro da Aliança Libertadora Nacional, que tinha o militante Carlos Marighella como maior expoente.
Já para o antigo membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Emilson Ribeiro, a história tem de ser passada a limpo e ser tirada de debaixo do tapete. “Nossa história, desde a colonização, está embaixo do tapete, e por isso precisamos reformar essa história oficial, ensinada nas escolas, que é falsa”, finalizou Emilson, que trabalhava como jornalista quando foi preso, em 1966, e que agora atua como pesquisador cultural.