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Governo realiza treinamento sobre prevenção da raiva humana e acidentes por animais peçonhentos no Sertão

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014 - 11:54 - Fotos: 

Médicos e enfermeiros de Patos, no Sertão, participam nestas quarta e quinta-feira (19 e 20) de um treinamento que aborda “Normas Técnicas sobre prevenção da Raiva Humana” e “Diagnóstico e Tratamento dos Acidentes por Animais Peçonhentos”. Esta capacitação, que já foi levada a 168 profissionais de outros municípios, é promovida pela Gerência Executiva de Vigilância em Saúde e pelo o Núcleo de Controle de Zoonoses, da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

O evento está acontecendo durante todo o dia no auditório da 6ª Gerência Regional de Saúde. Esta mesma capacitação já foi realizada nas outras macrorregionais totalizando 168 profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) das Secretarias Estadual e Municipais de Saúde.

No auditório da 6ª Gerência Regional de Saúde, os médicos e enfermeiros recebem e informações e debatem sobre temas como: vigilância epidemiológica – importância das notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, do Ministério da Saúde; atualização de dados epidemiológicos de acidentes por animais peçonhentos; atendimento antirrábico humano; armazenamento de soros antivenenos e soro antirrábico – redes de frio; identificação de animais peçonhentos de interesse em saúde; diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos de interesse em saúde e medidas preventivas e controle da raiva.

Com estas capacitações queremos melhorar o diagnóstico e o tratamento de vítimas de animais peçonhentos e de animais transmissores da raiva; reduzir os indicadores de mortalidade e letalidade por acidente com animais peçonhentos; diminuir os casos de raiva animal e, consequentemente, casos em humanos, e melhorar a notificação dos casos no Sinan”, explicou o chefe do Núcleo de Controle de Zoonoses, Francisco de Assis Azevedo.

Ocorrências – No Brasil, por ano, são registrados mais de 140.000 acidentes por animais peçonhentos, dos quais aproximadamente 280 evoluem para óbito. Em 2012, cerca de 12,5% das ampolas de antiveneno utilizadas para tratamento de acidente por animal peçonhento, foram administradas de forma errônea, seja por erro na identificação do acidente (ex.: acidente por serpente, escorpião, aranha ou outro tipo), seja por erro na identificação do tipo de animal causador (ex.: acidente por serpente da espécie jararaca).

A administração precoce do antiveneno específico ao tipo de acidente é fundamental para o sucesso do tratamento do acidentado. Por isso é importante a identificação correta do tipo de animal causador do acidente e o suporte quanto ao tipo de tratamento a ser realizado. A atualização do conhecimento de médicos e enfermeiros cria multiplicadores e disseminação às regionais e municípios mais informação e métodos”, disse Assis.

Animais peçonhentos são aqueles que produzem ou modificam algum veneno e possuem algum aparato para injetá-lo na sua presa ou predador. Os principais animais peçonhentos no Brasil são algumas espécies de serpentes, de escorpiões, de aranhas, de lepidópteros (mariposas e suas larvas), de himenópteros (abelhas, formigas e vespas), de coleópteros (besouros), de quilópodes (lacraias), de peixes, de cnidários (águas-vivas e caravelas), entre outros. Os animais peçonhentos de interesse em saúde pública podem ser definidos como aqueles que causam acidentes classificados pelos médicos como moderados ou graves.

Modificações no ambiente – Em todo o Brasil aumentou muito o número de ataques desses animais devido a problemas ambientais e de controle urbano, além da falta de medidas preventivas que devem ser tomadas como manter limpos quintais e terrenos baldios e as condições precárias de moradias, o que favorece o aparecimento, principalmente, de escorpiões, roedores e outros animais.

Na Paraíba, nos últimos três anos, foram registrados 9.091 ataques desses tipos de animais. O controle da raiva na Paraíba abrange todos os municípios, o que tem diminuído os casos em animais e, por consequência a ausência de casos em humanos. O último caso de raiva humana registrado na Paraíba foi em junho de 1999.

Em 1985, foi assinado um termo de compromisso entre os países latino americanos para eliminar a raiva transmitida por cães, principal foco da doença no ciclo urbano, até 2015. Para cumprir esse objetivo foi reforçado o monitoramento da circulação viral e a intensificação da vacinação antirrábica canina com a realização de campanhas anuais e outras ações de caráter educativo e preventivo, como também a qualificação dos profissionais de saúde nos diversos níveis, como este treinamento em Patos.

A doença – A raiva é uma doença infecciosa aguda, de etiologia viral, transmitida por mamíferos, que apresenta dois ciclos principais de transmissão: urbano e silvestre. É uma zoonose de grande importância na saúde pública por apresentar letalidade de 100%. É uma doença passível de ser eliminada no ciclo urbano pela existência e disponibilidade de medidas eficientes de prevenção tanto em relação ao homem quanto à fonte de infecção. As principais fontes de infecção no ciclo urbano são o cão e o gato. No Brasil, o morcego hematófago é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre.

No período de 1990 a 2009, foram registrados no Brasil 574 casos de raiva humana, nos quais, até 2003, a principal espécie agressora foi o cão. A partir de 2004, o morcego passou a ser o principal transmissor no Brasil. O número de casos humanos em que o cão é fonte de infecção diminuiu significativamente de 50, em 1990, para nenhum, em 2008, e dois no Maranhão, em 2009.