A Estação Experimental de Alagoinha, da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa), é um centro de excelência na área de estudos das raças zebuínas leiteiras Guzerá e Sindi, esta última, originária do Paquistão, que chegou ao Brasil na década de 1930 e na Paraíba no ano de 1980.
Na Estação da Emepa de Alagoinha, o pesquisador Rômulo Pontes de Freitas Albuquerque, responsável pelos estudos com o rebanho Sind, destacou os objetivos do sistema de produção de leite da raça na Estação Experimental de Alagoinha: verificar, através do desempenho do sistema, a eficiência da tecnologia utilizada; servir como instrumento de difusão de tecnologia de produção de leite; avaliar, adaptar e testar tecnologias geradas pela pesquisa de modo que possam ser utilizadas pelos produtores; e gerar e sugerir informações para novos trabalhos de pesquisa, visando a otimização da produção de leite com zebu.
O especialista no melhoramento genético da raça Sindi acrescenta que as pesquisas consistem ainda em coletar informações para o conhecimento de famílias e linhagens que se destaquem por produção de leite acima da média do rebanho; formar tourinhos a serem provados como melhoradores; capacitar técnicos e produtores envolvidos com a produção de leite; e realizar estágios supervisionados para alunos de escolas técnicas e universidades ligadas ao setor. A estação em Alagoinha tem hoje 173 animais da raça Sindi.
Origem da raça Sindi - A raça Sindi (ou Red Sindhi) tem origem na província de “Sind”, território de Kokistan, no atual Paquistão, o qual compreende 18% da área do país, equivalente ao tamanho do Estado do Amapá. Apresenta clima semi-árido, com precipitação entre 250-300 mm, distribuída geralmente em três meses, com temperatura média oscilando entre 17-20ºC no inverno e 31-33ºC no verão, tendo já sido registradas temperaturas mínimas de 1,6ºC e máxima de 48ºC.
Devido à sua aptidão leiteira, alta resistência ao calor e carrapatos (Boophilus microplus), o Sindi espalhou-se por varias regiões da Índia, Paquistão e mais de 33 países da Ásia, África, Oceania e Américas.
Sindi no Brasil – O Sindi foi introduzido no Brasil nos anos 30 do século XX, mas foi o cientista Felisberto Camargo que, em 1952, introduziu um número significativo.
Em 1980, por meio de permuta entre os governos de São Paulo e Paraíba, foram introduzidos 14 animais Sindi (12 fêmeas e dois machos) – originários do rebanho do Instituto de Zootecnia de Colina (SP) na Estação Experimental de Riacho dos Cavalos, da Emepa PB, no sertão paraibano.
Em 1988, a Embrapa-Cpatu, do Pará, cedeu em comodato à Emepa, quatro reprodutores, 30 matrizes e quatro crias, todos descendentes da importação de 1952. Em 1993, o rebanho Sindi da Emepa foi transferido para a Estação Experimental de Alagoinha, onde em 1996 começou a ser avaliado em produção de leite, ao lado das raças Gir (em Umbuzeiro) e Guzerá (em Alagoinha).
A viabilidade do Sindi na exploração leiteira no semiárido brasileiro
Produção Média de Lactação |
2.266,697 Kg |
Duração Média de Lactação |
250,07 dias |
Peso Médio ao nascer Machos |
22,05 kg |
Peso Médio ao nascer Fêmeas |
20,20 |
Peso Médio ao desmame Machos |
160 kg |
Peso Médio ao desmame Fêmeas |
130 kg |
Eficiência Reprodutiva |
85,21 % |
Intervalo entre Partos |
13 meses |
Idade ao 1º Parto |
31,3 meses |
Peso ao 1º Parto |
305,7 kg |
Período de Gestação |
283,30 dias |
Peso Médio das vacas Adultas |
335 kg |
Produção de leite e duração do período de lactação das dez melhores matrizes recordistas do rebanho da Emepa-PB constam no quadro abaixo, cujos dados revelam a potencialidade dessa raça como alternativa promissora para melhorar a produção de leite dos rebanhos no semi-árido brasileiro.
Matrizes |
Lactação |
Produção de leite (kg) |
Período de lactação (dias) |
Média diária (kg) |
Jarana |
3ª |
7.062,8 |
358 |
19,72 |
Juma |
5ª |
4.592,8 |
314 |
14,62 |
Hilara |
4ª |
2.870,0 |
301 |
9,53 |
Javali |
5ª |
2.799,0 |
281 |
9,96 |
Loteria |
3ª |
2.709,6 |
311 |
8,71 |
Jangada |
2ª |
2.561,1 |
276 |
9,27 |
Queijadinha |
1ª |
2.560,6 |
281 |
9,11 |
Itaúna |
5ª |
2.475,2 |
172 |
14,39 |
Gratina |
7ª |
2.485,2 |
332 |
7,48 |
Maring |
1ª |
2.390,5 |
324 |
7,30 |
“Os índices de produção de leite estão sendo apurados segundo os mesmos procedimentos adotados para o rebanho Guzerá Leiteiro de Alagoinha e o Gir de Umbuzeiro, na Estação Experimental João Pessoa, cujos dados são oficializados e aceitos pela ABCZ e Embrapa Gado de Leite”, ressalta Rômulo Pontes. Tais índices vêm revelando a aptidão leiteira dos animais do rebanho da Emepa.
Ao passarem por uma avaliação criteriosa de seu potencial leiteiro e, provavelmente, em razão de suas ascendências leiteiras, várias matrizes começaram a se destacar nos controles realizados. O maior destaque foi a vaca “Jarana Emepa”, que ao encerrar a 3ª lactação, atingiu a produção total de 7.062,80 kg de leite em 358 dias de produção, em regime de duas ordenhas diárias, com média de 19,72 kg/dia. Também outras matrizes já começaram a se destacar no rebanho.