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III Caravana do Coração começa em Cajazeiras e amplia atendimento a crianças cardiopatas

segunda-feira, 29 de junho de 2015 - 20:10 - Fotos:  Ricardo Puppe/Secom-PB

ses caravana do coracao em cajazeiras foto ricardo puppe 1 270x191 - III Caravana do Coração começa em Cajazeiras e amplia atendimento a crianças cardiopatasA III Caravana do Coração, ação desenvolvida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, em parceria com a ONG pernambucana Círculo do Coração e prefeituras, começou nesta segunda-feira (29), às 8 h, em Cajazeiras, na Faculdade Santa Maria, onde foram oferecidos atendimentos e exames a 86 crianças e cinco gestantes, com problemas cardíacos, de 15 cidades da região (Bernardino Batista; Bom Jesus; Bonito de Santa Fé; Cachoeira dos Índios; Carrapateira; Cajazeiras; Monte Horebe; Joca Claudino; Poço Dantas; Poço José de Moura; Santa Helena; São João do Rio do Peixe; São José de Piranhas; Triunfo e Uiraúna)

Logo que a Caravana chegou à cidade, neste domingo (28) à noite, foi instalada a grande novidade do evento para este ano: a “Sala do Coração”, na Maternidade Dr. Deodato Cartaxo. Ela serve de ambiente virtual de ambulatórios, onde médicos e enfermeiros locais trabalham com profissionais do Círculo do Coração para fazer o acompanhamento das crianças cardíacas da região e ainda será um espaço de capacitação profissional.

Até o último dia da Caravana, serão instaladas mais 11 salas nas cidades que receberão o projeto: Sousa, nesta terça-feira (30); Catolé do Rocha (1), Pombal (2), Itaporanga (3), Princesa Isabel (5), Monteiro/Sumé (6), Esperança (7), Picuí (8), Guarabira (9), Itabaiana (10) e Mamanguape (11). A cidade de Patos, onde a ação acontece no próximo dia 4, já dispõe da “Sala do Coração”, além de João Pessoa e Campina Grande. Com isso, as crianças e gestantes de toda Paraíba com problemas cardíacos terão assistência em suas regiões, sem a necessidade de sair para os grandes centros.

ses caravana do coracao em cajazeiras foto ricardo puppe 3 270x191 - III Caravana do Coração começa em Cajazeiras e amplia atendimento a crianças cardiopatasAs “Salas do Coração” funcionarão nas unidades de saúde do estado, em parceria com o Círculo do Coração. “As salas são uma extensão do trabalho desenvolvido pela Caravana que identifica o problema e o atendimento mais adequado para cada paciente, pois, não adianta trazer a Caravana, fazer os diagnósticos e depois perder o contato com os pacientes e familiares”, explicou a presidente do Círculo do Coração, a cardiologista pediátrica Sandra Mattos.

Em Cajazeiras, a “Sala do Coração” funcionará a partir do dia 4 de agosto e atenderá, além das crianças e gestantes já assistidas pela Caravana do Coração, as mães e os bebês da maternidade. A responsável pelo serviço é a diretora da Maternidade, Maria do Socorro Guedes, que também é voluntária da “Caravana do Coração”. Ela explicou que, inicialmente, será capacitada a equipe formada por médicos obstetras, pediatras e enfermeiros, no Hospital Real Português, em Recife. A seguir, o serviço começa a receber o “Ecotaxi”, uma mala com todos os equipamentos necessários para fazer ambulatório de cardiologia (máquina de ecocardiografia, eletrocardiograma, oxímetro, estestoscópio, tensiômetros, etc). O “Ecotaxi” ficará em cada sala das 15 cidades, durante uma semana, para promover o atendimento ambulatorial e diagnósticos emergenciais.

A sala servirá também para a capacitação continuada em saúde, na qual as aulas serão disponibilizadas na internet, no site do Círculo. Toda semana a equipe do Círculo do Coração faz reunião na qual discute casos clínicos, trabalhos de literatura e rotinas do projeto. Todas as discussões são gravadas e vão para o programa de educação continuada. Os profissionais de saúde poderão acessar a qualquer momento.

“Eu sou uma grande entusiasta do projeto “Caravana do Coração” porque só traz novidades para a saúde pública do nosso estado”, disse Socorro, que lembra dos benefícios implantados na Maternidade de Cajazeiras, a partir das ações da Caravana, a exemplo da ampliação da quantidade do número de pediatras, a implantação da Unidade de Cuidados Intermediários neonatal (UCI),  e a diminuição das transferências de pacientes do sertão para a capital e Campina Grande.

“O resultado de tudo isso é que há dois anos não há mortalidade materna e há um ano não há morte de bebês. E ainda estão sendo implantados muitos outros benefícios. São ações como estas que nos incentivam a continuar lutando, incansavelmente, por uma saúde de melhor qualidade para a população do nosso estado”, comemorou.

ses caravana do coracao em cajazeiras foto ricardo puppe 4 270x191 - III Caravana do Coração começa em Cajazeiras e amplia atendimento a crianças cardiopatasA diretora do Hospital Regional de Cajazeiras, onde fica a maternidade, Edjane Leite, falou que, desde a primeira Caravana do Coração, já foram observadas várias melhorias na saúde da região. “Na primeira, foi plantada a semente, quando houve os primeiros diagnósticos e, mesmo de longe, a assistência permaneceu; na segunda, iniciaram os cursos de qualificação profissional e houve um envolvimento maior da atenção básica com os hospitais e agora, a implantação das salas, que proporcionam independência para a atuação da saúde local”, pontuou.

O resultado de tudo isso está sendo percebido pela merendeira Elaine Cristina, de 33 anos, que ganhou a primeira filha na madrugada deste domingo (28). O bebê nasceu prematuro e está sendo observado na UCI da Maternidade de Cajazeiras. “Apesar do susto de ter um bebê prematuro, estou me sentindo muito segura com o atendimento que eu e ela estamos tendo aqui e isso me faz ter muita esperança de que vamos ficar bem”, declarou.

ses caravana do coracao em cajazeiras foto ricardo puppe 2 270x191 - III Caravana do Coração começa em Cajazeiras e amplia atendimento a crianças cardiopatasAtendimento humanizado – Samuel Victor de Oliveira, de três anos, é uma criança bastante esperta. Na hora da consulta, na III Caravana do Coração, nesta segunda-feira (29) pela manhã, em Cajazeiras, foi ele próprio que conversou com a médica. “Meu nome é Victor com c”, informou. Antes de sair, disse que quando crescer  quer ser médico e ainda arriscou a falar o complicado nome do instrumento “tetocópio” (estetoscópio). Ao final do atendimento, a mãe de Samuel, a cabeleireira, Josefa da Silva, manifestou sua alegria por descobrir que o filho está praticamente curado de um problema que o acompanhava desde que nasceu: uma abertura no coração que faz o sangue vazar para o pulmão, provocando cansaço, tosse e ainda ficava com a pele num tom arroxeado (cianose). Ela ouviu da profissional de saúde que o filho só precisa retornar ao médico em dois anos e que não necessita de medicamentos e muito menos de cirurgia.

“Desde que meu filho tinha três meses, faz tratamento com médico particular, mas a gente nunca tinha sido tão bem tratado como foi aqui. Se fosse pra dar uma nota ao trabalho de vocês da Caravana, seria 10”, falou a mãe, no momento do atendimento com a cardiologista pediátrica e presidente do Círculo do Coração, Sandra Mattos, que fica responsável pela avaliação final dos pacientes.

Samuel foi a primeira criança a ser atendida no primeiro dia da III Caravana do Coração. Passou pelo acolhimento, onde ouviu música que fala de cuidados com a saúde; brincou; fez exame de ecocardiograma, ausculta; conversou com a assistente social e ainda passou por um clínico geral.

Para a mãe e o pai de Samuel e a todos os familiares das crianças avaliadas, foi entregue um folder com o tema: “A criança cardiopata: uma nova visão”, onde fala na humanização na relação da família com a criança, evitando a superproteção; incentivando as brincadeiras e sugerindo para que não fiquem centrados somente na doença e conversar para aliviar as dores, preocupações e tristezas. Enfoca também a humanização na relação dos médicos e enfermeiros com a criança e a família, onde mostra que o mais importante é o ser humano e não a doença.

ses caravana do coracao samuel em cajazeiras foto ricardo puppe 5 270x191 - III Caravana do Coração começa em Cajazeiras e amplia atendimento a crianças cardiopatasDas 8h às 16h, a Faculdade Santa Maria, também parceira do projeto, se transformou num centro de saúde humanizado. Suas salas foram transformadas em consultórios médicos; psicológicos; espaços para realização de exames e para o acolhimento, intitulado de “Espaço Arte e Educação”. Logo que chegavam, todos eram recebidos com músicas ao som de um teclado e, por meio de brincadeiras e composições autorais da equipe da Caravana, para repassar, de forma lúdica, informações importantes para se ter uma vida mais saudável e com mais qualidade. No final, os pacientes saem com cópias dos cds com todos os ensinamentos.

A secretária de Saúde do município de Bernardino Batista, Laís Andrade, acompanha a Caravana desde o primeiro ano. “Este projeto é muito importante para a nossa região e, mesmo em tão pouco tempo, tem várias histórias de vida iniciadas aqui. No ano passado, uma gestante do meu município foi diagnosticada com o feto com problemas. Ela recebeu encaminhamento para o tratamento correto e hoje ela retorna com o bebê para uma avaliação”, falou.

E a Caravana vai mais além. Não faz apenas o atendimento. Desde o ano passado está oferecendo diversos cursos de capacitação para os profissionais de saúde das regiões por onde passa. Uma forma de perpetuar em cada canto do estado da Paraíba, a permanência da assistência às crianças com problemas cardíacos.

Em Cajazeiras, para o curso de reanimação neonatal e noções de transporte, participaram profissionais de todas as 10 bases do SAMU da região (oito básicas e duas de suporte avançado) e mais 10 profissionais do Hospital Regional. Já para o Curso Sensibilização dos Cuidados com o Recém-Nascido, participaram 15 profissionais, sendo um de cada município da região e para o Curso de Acesso Venoso e Suporte, foram profissionais do Hospital Regional e também do Hospital Universitário Júlio Bandeira.

Para a coordenadora da Atenção Básica, de Cajazeiras, Janaíra Araújo, o projeto é também uma ação de responsabilidade social. “No nosso município temos muitas crianças cardiopatas e boa parte delas é carente, sem falar na grande distância de Cajazeiras para os maiores centros do estado”, lembrou.