O Ponto de Cem Réis, no Centro de João Pessoa, foi transformado, durante toda a manhã desta sexta-feira (13), numa espécie de “unidade de saúde” com diversos serviços gratuitos, referentes à prevenção, cuidados e atendimento do diabetes. A ação, promovida pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com os hospitais Clementino Fraga e Edson Ramalho (que integram a rede de saúde do Estado), a Faculdade Maurício de Nassau e a Sociedade Brasileira de Cardiologia – seccional Paraíba, é em alusão ao Dia Mundial do Diabetes, 14 de novembro.
Entre os serviços disponibilizados estão avaliação dos ‘pés do diabético’, orientações sobre os cuidados com a saúde bucal, teste de glicemia capilar, verificação de pressão arterial, avaliação antropométrica, orientação nutricional e sobre o tabagismo, apoio psicológico ao tabagista, além do teste Fargerstrom, que visa analisar o grau de dependência de nicotina do organismo e orientações sobre prática integrativas (meditação, acupuntura, reiki, aromaterapia, etc), que têm o objetivo de atender as pessoas como um todo, observando a parte saudável e expandindo para o resto.
“A nossa intenção foi trazer para um dos pontos mais movimentados no centro de João Pessoa todos os serviços que atendam as necessidades dos diabéticos; dos familiares que querem ajudar quem tem a doença e também de quem quer se prevenir contra o problema,” disse a coordenadora do Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, da SES, Gerlane Carvalho.
O aposentado Geraldo Jerônimo da Silva, de 75 anos, já sabe que tem diabetes, mas não está seguindo o tratamento que lhe foi indicado há alguns anos. “Eu estava precisando de um ‘puxão de orelhas’, pois não estou tomando o medicamento de diabetes”, confessou.
A enfermeira Luana Suassuna, do setor que atende diabéticos no Hospital Edson Ramalho, conversou com o aposentado e disse que essa descontinuidade no tratamento é muito comum. “Não é fácil pra pessoa que viveu a vida toda tendo certos hábitos e de uma hora pra outra ter que mudá-los devido à doença. A consequência é o não cumprimento do tratamento. Então, no caso de seu Geraldo, a orientação foi retornar ao médico para fazer uma nova avaliação sobre os medicamentos prescritos anteriormente”, informou.
“Vou fazer o que a enfermeira disse e voltar a tomar meu remédio. Por isso que é bom o governo fazer estas ações porque lembra a gente o que nunca deveria esquecer, que é cuidar da saúde”, disse o aposentado.
Já Arlindo Alexandre, de 48 anos, aproveitou para checar a saúde e descobriu que está tudo em ordem. Ele não tem diabetes e, mesmo assim, fez questão de passar por todos os serviços. “Eu moro sozinho e faço tudo dentro de casa; todo final de semana jogo bola e me preocupo muito com a alimentação. Como frutas, verduras e legumes, porque gosto e também porque fazem bem. Sempre que têm estes serviços participo de tudo porque acho muito importante para a nossa saúde”.
Na Paraíba, a Secretaria de Estado da Saúde desenvolve uma série de ações e políticas públicas de prevenção e combate à doença com a disponibilização de exames e orientações médicas. Durante todo o ano, são organizadas palestras, seminários, qualificações profissionais e ações de saúde enfatizando a importância de investigar e tratar não só a diabetes, mas também a hipertensão e o tabagismo que são fatores de risco.
Dados – De acordo com a estimativa do Ministério da Saúde, baseado no Pacto pela Vida, cerca de 5,3% da população do Estado é diabética, uma média de 210.526 pessoas. No município de João Pessoa, a estimativa é que cerca de 4,7% da população, ou seja, 37.197 pessoenses têm diabetes.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a doença foi responsável por 1.807 mortes em 2013 e 1.786 em 2014, enquanto neste ano já foram registrados 1.190 óbitos. Os pacientes diabéticos podem ser atendidos e acompanhados nas Unidades de Saúde do Município e, em caso de intercorrências, em qualquer hospital público ou privado.
A doença – O diabetes é uma síndrome metabólica caracterizada pelo excesso de glicose no sangue. O problema é causado pela redução ou falta de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. A enfermidade pode ocasionar diversas complicações, entre as quais cegueira, derrame cerebral, impotência sexual, infecções e insuficiência renal. A diabetes mellitus está entre as cinco doenças que mais matam.
O diagnóstico precoce, seguido do controle do nível de açúcar no sangue, contribui para a prevenção desses males. Hereditariedade, obesidade, infecções graves, gravidez, cirurgias, estresse, envelhecimento e sedentarismo são alguns dos fatores que concorrem para o aparecimento do diabetes. A enfermidade apresenta alguns sintomas: sede exagerada, perda de peso, muita fome, desânimo, fadiga, tremores, visão embaraçada e cicatrização difícil, entre outros.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, pelo menos 245 milhões de pessoas têm diabetes e um alto percentual vive em países em desenvolvimento. Em 30 anos, este número deve chegar a 380 milhões. No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas são portadoras da doença e 500 novos casos surgem a cada dia.