As ações de combate ao Aedes aegypti que vêm sendo realizadas pelo Governo do Estado estão sendo destacadas na mídia mundial. A Paraíba recebeu nessa quinta-feira (28) a visita do repórter Kristian Almblad, correspondente do DR, principal canal de TV da Dinamarca, que está visitando o Estado para produzir uma reportagem sobre o zika vírus e os possíveis casos de microcefalia relacionados. A reportagem, que será exibida no DR News, também vai abordar o trabalho que o Governo do Estado vem realizando para combater o mosquito.
Kristian explicou que a mídia dinamarquesa está curiosa sobre o zika vírus pela velocidade que ele vem crescendo mundialmente e por suas consequências. “Eu venho conversando com meus chefes sobre essa ideia de produzir uma matéria sobre o assunto desde setembro do ano passado. Só agora, com todo esse aumento no número de casos de zika, é que eles perceberam o grau de seriedade do assunto e por isso estou aqui”, disse.
O jornalista disse também que essa semana foi identificado o primeiro caso do vírus na Dinamarca, e falou sobre o trabalho de prevenção realizado pelo Governo do Estado. “Só agora foi confirmado o primeiro caso de zika na Dinamarca, caso esse importado. Gostei muito do que estou vendo aqui. Em meio a todos esses casos, vejo que o Governo está preocupado e trabalhando muito para conter esses números e tratar os bebês com microcefalia”, concluiu Kristian Almblad.
O repórter dinamarquês começou as gravações visitando maternidades públicas para ver de perto a realidade das mães e bebês. Na maternidade Cândida Vargas, ele presenciou o atendimento, via internet, de bebês para investigação de microcefalia. A consulta online é realizada por meio de uma sala virtual, onde os pacientes passam por uma triagem. Em seguida, Kristian acompanhou consultas na própria maternidade.
Aos 23 anos, Janine dos Santos disse que ficou em choque quando descobriu, na 34ª semana de gestação, que seu segundo filho teria microcefalia. O bebê, hoje com dois meses de vida, está saudável, mas a mãe diz que a rotina é difícil. “Eu não sabia nada sobre a doença. Quando descobri, através da ultrassonografia, fiquei perdida e em choque. Meu filho é um bebê saudável e muito amado, mas sei que ainda vou enfrentar muita coisa. É cansativa essa rotina de estar direto em médicos e fisioterapeutas, mas sei que é pro bem dele”, disse Janine.
O médico pediatra da Secretaria de Estado da Saúde, Cláudio Régis, explicou que é possível recuperar parte do déficit que uma criança com microcefalia apresente. “Os bebês que vêm aqui apresentam uma diversidade muito grande de sintomas. Eles podem, com estimulação constante, recuperar parte do déficit apresentado, porém isso vai depender do nível de estimulação a qual esse bebê vai passar durante sua vida. Se a família tiver acesso à fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, oftalmologia , ou seja, a todo um segmento multiprofissional para ter a estimulação necessária, ele pode recuperar parte do déficit apresentado. O quanto a gente vai conseguir recuperar, ainda é difícil de dizer, primeiro porque depende do quanto ele será estimulado, como também do grau de anormalidade que cada bebê apresenta. O fato é que será uma criança que vai precisar de cuidado contínuo”, explicou.
Funad – Em seguida o repórter foi conhecer de perto o trabalho de reabilitação dos bebês com microcefalia que é realizado pela Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad). Lá, Kristian acompanhou o tratamento com fisioterapeutas que os bebês recebem. A mãe Ludmila Silva não tem dúvidas que a microcefalia da pequena Nicole, de apenas 1 mês de vida, está relacionada com o fato de ter tido zika durante a gravidez. “Eu não esperava por esse diagnóstico por não ter casos de deficiência na minha família, até que umas três semanas após receber a notícia, vi na TV que estavam ligando os casos de microcefalia à zika”, disse.
Ludmila, que é fisioterapeuta por formação, disse que sabe que vai enfrentar muitos desafios para ajudar no desenvolvimento da sua filha, mas que as mães precisam ter muita fé e força para enfrentarem esse novo desafio. “Como fisioterapeuta eu bem sei que o caminho não é fácil. Em casa estou sempre estimulando a minha bebê, e sei que isso será algo constante na minha vida, mas com muito amor e esperança eu vou estar sempre dando o melhor de mim para que Nicole tenha uma vida de qualidade”, disse.
Visitas domiciliares – Orepórter dinamarquês Kristian Almblad também acompanhou as visitas domiciliares que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em parceria com o Exército Brasileiro e a Prefeitura de Cabedelo, realizou nessa sexta-feira (29), na Praia do Poço. O correspondente da DR TV registrou o trabalho, filmando desde a preparação até o momento em que os homens do exército e agentes de saúde entraram nas casas, além do trabalho do carro fumacê.
A professora Selma Soares foi uma das moradoras locais que abriu as portas da sua casa. Ela contou que a família tem sempre o cuidado de não deixar água acumular, principalmente nos vasos de plantas. “Aqui em casa a gente está constantemente atento a isso. Sabemos que o risco é grande, por isso temos o maior cuidado para não acumular possíveis focos para a reprodução do mosquito Aedes”, disse.
Selma ressaltou a importância da realização das visitas domiciliares e das campanhas informativas. “Não tem como fingir que não está acontecendo nada. Estamos em meio a um verdadeiro surto de zika. Quando ligamos a TV, é só o que vemos. Não podemos brincar com o mosquito que transmite esse vírus, por isso é importante que todos abram as portas das suas casas para as visitas e que tenhamos a consciência que se não nos unirmos nessa luta, nada mudará”, falou a moradora de Cabedelo.
O tenente Renzo, que comandou a operação com soldados do I Grupamento de Engenharia, disse que a população tem mostrado grande interesse em ajudar no combate ao Aedes aegypti, porém ainda encontram resistência. “Em sua maioria a população está contribuindo, recebendo bem as visitas, ouvindo com atenção todas as orientações, mostrando interesse em diminuir esse alto número de casos de doenças relacionadas ao mosquito, porém ainda encontramos certas dificuldades. Apartamentos fechados e condomínios nos quais não permitem a vistoria, afirmando que está limpo são algumas das situações que dificultam nosso trabalho”, explicou.
O militar ressaltou a importância do trabalho casa a casa e concluiu como positivo o seu resultado. “Fazemos uma vistoria nas residências, verificando se há indícios de focos. Se houver, fazemos a utilização do larvicida, após isso é registrada a presença daquela equipe de saúde naquela residência. Percebemos que há um grande saldo positivo nesse nosso trabalho. A maioria das residências está livre de focos. O maior perigo que encontramos está em condomínios e casas fechadas, além dos terrenos baldios. Estamos trabalhando arduamente para combater o aedes”, concluiu o tenente Renzo.
Além das visitas, o repórter da DR TV acompanhou, durante a manhã, uma entrevista coletiva do governador Ricardo Coutinho sobre a videoconferencia com a presidente Dilma Roussef. A secretária de Estado da Saúde, Roberta Abath, também participou da web conferencia, que discutiu as ações que vem sendo realizadas no combate ao Aedes aegypti.
Para o repórter dinamarquês, o Governo da Paraíba é exemplo na guerra contra o mosquito. “O problema é sério, o vírus zika está se espalhando, e aqui na Paraíba vi que estão realmente trabalhando empenhados em mudar esse cenário. Com certeza essa é a única maneira de mudar os números atuais do vírus”, concluiu Kristian.