A direção do Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira se reuniu, nesta quarta-feira (23) pela manhã, com coordenadores de cursos e alunos de universidades e escolas técnicas para dialogar sobre a pactuação para a realização de atividades acadêmicas, como projetos de extensão, voltados para o cuidado e ações terapêuticas potencializando o “Espaço de Convivência Nise da Silveira”. O objetivo é colocar o paciente em companhia da natureza e dar a oportunidade de participar de diversas atividades dentro e fora do Complexo.
A reunião aconteceu no auditório do Juliano Moreira e, a seguir, o diretor geral, Walter Franco, convidou os participantes para conhecerem um espaço que antes eram enfermarias, desativadas recentemente, para funcionar como um local para estas práticas, em parceria com as instituições. Estiveram presentes representantes das Universidades Federal da Paraíba (UFPB); do Unipê; FPB: IESP; Maurício de Nassau; Faculdade Santa Emília de Rodat; Escola Politécnica de Saúde – Cristo Rei, em Cabedelo e Facene.
O diretor geral do Complexo, Walter Franco, mostrou o Espaço Nise da Silveira, integrado pela praça, a biblioteca e uma oficina de artes, e ainda o artesanato feito pelos pacientes, a exemplo de bolsas, almofadas e mantas que estão sendo comercializadas em feiras, por meio de parcerias, com a renda toda revertida para o próprio usuário.
“Retiramos os cadeados; estamos tirando as grades; fizemos parceria com a Funesc que está permitindo levar os pacientes para participar de atividades no Espaço Cultural e com este novo ambiente pretendemos criar uma sala de cinema, com a exibição de filmes que auxiliem na recuperação; uma sala de música onde educadores físicos e fisioterapeutas farão aulas com atividades corporais; uma sala de oficina terapêutica e uma quadra de vôlei. Será um espaço para as instituições tomarem conta, que venha auxiliar na reforma psiquiátrica por meio do ato de cuidar humanizado”, ressaltou.
“Todo este trabalho que está sendo feito aqui só é possível graças às parcerias que começaram com os servidores, pois a integração entre os profissionais foi primordial para desenvolvermos a humanização e implantar o Complexo Nise da Silveira, que vem dando muito certo. Agora, estamos convidando as instituições de ensino para agregar e trocar conhecimentos, trazer novas energias e promover mais atividades de bem cuidar dos pacientes”, disse Walter.
O Unipê disponibilizará os estudantes do projeto “Liga do amor e da SUStiça – La SUS”, que envolve os cursos de Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia, Enfermagem e Fisioterapia. O LaSUS tem por objetivo a educação em saúde, com brincadeiras educativas.
Além do LaSUS, a instituição promete trazer outros projetos para o Juliano Moreira. O estudante de Odontologia, Anderson Sarmento, disse que a turma dele vai trazer um projeto de saúde bucal preventiva. “Vamos mostrar aos pacientes a forma correta de escovar os dentes; o fio dental e ainda serão distribuídos kits contendo escova, creme dental, fio dental e antisséptico. Futuramente, nos casos que haja a necessidade, iremos tratar na Clínica do Unipê”, disse o aluno, que ainda destacou: “É um prazer imenso participar destas atividades, pois iremos contribuir para a melhoria da autoestima já que se trata, além de saúde, da estética também”, falou.
Para a psicóloga Liana Lima, da Pró-reitoria Adjunta de Pós-graduação do Unipê, será uma experiência riquíssima. “Esta parceria será muito importante para a formação do aluno, que terá no Juliano a oportunidade de trabalhar a humanização, contribuir para a mudança do modelo antimanicomial e, consequentemente, para a reforma psiquiátrica”, disse.
Segundo Ramon Silva, psicólogo da Faculdade Maurício de Nassau, a instituição trará alunos de psicologia para o trabalho de acolhimento e escuta dos pacientes. “Esta parceria vai dar oportunidade de quebrar o estigma do que é loucura. Estamos muito empolgados para contribuir”, declarou.
De acordo com a coordenadora da Escola Politécnica Cristo Rei, Eleoneide Correia, a instituição vai fazer questão de cooperar. “Apesar da nossa dificuldade, devido à distância, pois a escola fica em Cabedelo, e aos recursos escassos, vamos estudar uma forma de contribuir com essa causa tão importante”, comentou.