O Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira realizou em seu auditório, na tarde desta sexta-feira (21), um debate com o tema “Abuso e dependência de drogas”, mediado pelo psiquiatra e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Hermano Falcão. Estiveram presentes aproximadamente 60 pessoas, entre pacientes dependentes químicos em tratamento, funcionários do hospital, alunos da FCM, além de pessoas interessadas no assunto.
Durante a atividade, foi realizado um bate-papo com os pacientes em tratamento. Na ocasião, vários adolescentes falaram sobre como a dependência química entrou em suas vidas e suas consequências. B.M, paciente de apenas 15 anos disse que iniciou nas drogas aos 13, com o vício do álcool. “Com 13 anos era só álcool mesmo, depois fui pra maconha, pedra e crack. Cheirava direto acompanhado de um primo mais velho que hoje está preso. Ficava louco demais e não tinha nenhum controle sobre isso. Cheirava todos os dias e não conseguia mais parar.”, disse.
Segundo a diretora técnica do Juliano Moreira, Marinalva Brandão, a demanda de pacientes dependentes químicos, principalmente adolescentes, vem aumentando nos últimos anos. Ela disse que esse tipo de atividade é importante para que os profissionais de saúde saibam como abordar esses pacientes. “Tudo começa na adolescência, pela questão da conduta, do uso da droga, porque normalmente quem usa droga já vem com problema de conduta desde antes, pois usando drogas ilícitas ele está quebrando a barreira da lei. Existe também a questão de comportamento, quando vemos os adolescentes se tornando agressivos em busca de suprir seu vício, além da dificuldade de convivência social, por isso esse esclarecimento que eles encontram nesse debate é bem interessante para eles”, disse Marinalva.
A diretora técnica da unidade hospitalar lembrou que o hospital conta com um Programa de Educação Continuada, realizado por meio do Núcleo de Ações Estratégicas, que apoia atividades que buscam melhorar a segurança dos pacientes. Ela disse que a base para evitar a dependência química dos jovens é o relacionamento familiar. “A maior problemática desses adolescentes é sócio-familiar, tudo começa na família. É aquele menino que não tem as oportunidades que outros têm, ou que os pais trabalham o dia inteiro e deixam o filho solto, sem nenhum controle nem atividade para ocupar seu tempo. É importante que esse adolescente tenha essa base sócio-familiar para evitar o primeiro contato com as drogas”, concluiu Marinalva Brandão.