A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Gerência Operacional das DSTs/Aids/Hepatites Virais, registrou 2.230 casos de sífilis em gestante e 1.382 casos de sífilis congênita na Paraíba no período de 2011 até a 39ª semana epidemiológica de 2016. Em ambos os tipos, observa-se um aumento na taxa de detecção ao longo dos anos, salientando a importância do cuidado constante e da vigilância nos serviços de saúde.
Na Paraíba, observa-se que o aumento do número de notificações de casos de sífilis congênita e sífilis em gestante se deu em virtude do fortalecimento dos serviços de pré-natal, por meio da Rede Cegonha.
“Em 2011 o Governo Federal lançou a Rede Cegonha como estratégia para assegurar à mulher e à criança o direito à atenção humanizada durante o pré-natal, o parto e o pós-parto, bem como garantir às crianças o direito ao nascimento seguro e crescimento saudável. A implantação dos testes rápidos para triagem da sífilis na atenção básica surgiu com o intuito de promover um diagnóstico precoce da sífilis em gestante, reduzindo, assim, as taxas da transmissão vertical da sífilis congênita, bem como a redução de óbitos materno-infantis evitáveis”, informou a gerente operacional das DSTs/Aids/Hepatites Virais da SES, Ivoneide Lucena.
Sífilis em gestantes – Na Paraíba, entre os 2.230 casos confirmados de sífilis em gestante (2011 a 39ª semana epidemiológica em 2016), a taxa de detecção aumentou, passando de 5,2 em 2011 para 7,2 em 2015. Em 2016, foram notificados 291 casos, ou seja, 7,8 por 1.000 nascidos vivos.
Os municípios com maiores números de casos notificados no ano de 2014 foram João Pessoa e Campina Grande (em média de 50 a 62 casos por município), seguido de Cabedelo (com 30 a 50 casos), e Cajazeiras, Santa Rita e Bayeux (com 10 a 30 casos por município).
“Apesar da ampliação do diagnóstico, a maioria dos casos continua sendo detectada tardiamente. Observamos que entre 2011 e 2016 teve uma predominância do diagnóstico entre 2º e o 3º trimestre, ocorrendo em 76,5% dos casos. Em 2016, tivemos 21% dos casos notificados no primeiro trimestre de gestação, 24,4% no segundo e 45,0% no terceiro trimestre”, alertou Ivoneide.
A penicilina G Benzatina é a única terapia que tem eficácia no tratamento de gestantes com sífilis e na prevenção da transmissão vertical da sífilis congênita. O boletim mostra que, na Paraíba, nos anos de 2011 a 2016, 82,1% das gestantes foram tratadas com Penicilina G Benzatina, 3,5% realizaram outro tipo de tratamento, 5,8% não realizaram nenhum tipo de tratamento e informações em branco e/ou ignoradas 8,6%. Em 2016 foram 87,3% de gestantes tratadas com penicilina, 2,7% outros esquemas e 4,8 não realizaram.
“O tratamento é o meio mais eficaz de evitar a transmissão vertical da doença e é importante que a gestante e o parceiro sejam tratados ao mesmo tempo. Contudo, verificamos um percentual muito baixo na realização do tratamento nos parceiros e é importante salientar que o tratamento de ambos, simultaneamente, é preconizado pelo Ministério da Saúde, visando evitar a transmissão vertical da sífilis congênita”, explicou a gerente operacional.
Sífilis congênita – Também houve um aumento progressivo na taxa de incidência de casos de sífilis congênita no Estado. Em 2011, o percentual era de 2,9% de casos por 1.000 nascidos vivos e em 2015 a taxa subiu para 5,8%. Em 2016, a Paraíba já tem 4,9% de casos da doença em menores de um ano de idade.
A taxa de detecção de sífilis em gestante se mantém superior a taxa de incidência de sífilis congênita. No ano de 2016, a taxa de detecção de sífilis em gestante está em 7,8 por 1.000 nascidos vivos e a taxa de incidência de sífilis congênita de 4,9 por 1.000 nascidos vivos.
Quanto à mortalidade infantil por sífilis congênita, no período de 2011 a 2016, foram declarados 52 óbitos declarados no sistema de informação. Somente em 2016, o boletim mostra que já foram contabilizados oito óbitos por sífilis em crianças.
Sobre a doença – A sífilis em gestante é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, causada pelo Treponema pallidum. De transmissão sexual e vertical, que pode produzir, respectivamente, as formas adquirida e congênita da doença.
A maioria das pessoas com sífilis tende a não ter conhecimento da infecção, podendo transmiti-la aos seus contatos sexuais. Isso ocorre devido à ausência de sintomatologia, dependendo do estágio da infecção. Quando não tratada, a sífilis pode evoluir para formas mais graves, especialmente os sistemas nervoso e cardiovascular.
Já a sífilis congênita é a consequência da disseminação do Treponema pallidum pela corrente sanguínea, transmitido pela gestante para o seu bebê. A infecção pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, e o risco é maior para as mulheres com sífilis primária ou secundária.
Um bebê infectado pode nascer sem sinais da doença. Porém, sem tratamento imediato, a criança pode ter vários problemas, desenvolvendo feridas na pele, febre, icterícia, anemia ou inchaço no fígado ou baço, sofrer convulsões ou até mesmo morrer.
Os exames de diagnóstico para a sífilis congênita são o VDRL, raio-X de ossos longos, hemograma e punção lombar, avaliação oftalmológica e audiológica. O tratamento é realizado com Penicilina.