O governador Ricardo Coutinho ministrou, nesta terça-feira (11), a conferência de abertura do VI Workshop Internacional Sobre Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Bacias Hidrográficas, que acontece na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais. A palestra teve como tema principal o Projeto de Integração do rio São Francisco. Durante a conferência, Ricardo fez um balanço sobre a atual situação hídrica da Paraíba, falou sobre as obras relacionadas à transposição do São Francisco, os impactos da chegada das águas no estado, entre outros assuntos.
“É uma satisfação poder participar desse evento tendo a honra de ter sido convidado para a conferência de abertura do workshop. Através desse projeto de Integração do São Francisco, 12 milhões de pessoas serão beneficiadas. É uma das obras mais baratas do Brasil quando comparada aos efeitos positivos que trará para a sociedade e para o País. É importante dizer também que cerca de R$ 1 bilhão são investidos em programas ambientais para recuperar o rio São Francisco, até então nada tinha sido feito. Mais de 1700 nascentes do rio estão sendo preservadas e também há um programa de conservação da fauna e flora. É preciso fazer a ação com a responsabilidade de que ela tenha sustentabilidade”, frisou Ricardo.
O governador também falou sobre a importância da inclusão produtiva através da transposição do São Francisco. “Por trás desta, que é a maior obra hídrica que o país já teve, tem muitas comunidades ao redor dos rios que têm a capacidade de conviver e melhorar a vida do ponto de vista econômico. Ver os rios com muita água correndo, mesmo sem chuvas, é emocionante para quem mora nas redondezas. Além de suprir as necessidades das pessoas e animais, acredito que as águas também devem ser implantadas para desenvolvimento econômico das regiões”, pontuou.
Ricardo citou ainda algumas obras complementares realizadas para receber as águas e destacou que a Paraíba será o Estado com a maior distribuição das águas do rio São Francisco. “Fizemos uma limpeza no rio Paraíba para melhorar as condições da passagem das águas do São Francisco pelo local. A partir de 2012 a maioria das regiões da Paraíba teve chuvas muito abaixo do esperado. Na prática, enfrentamos a maior estiagem de todos os tempos. O nosso Estado destina boa parte dos recursos para assistência aos efeitos da seca. Implantamos mais de 1.300 km de adutoras, representando mais de R$ 1 bilhão de investimento. Estamos construindo o canal Acauã-Araçagi, com o primeiro trecho para ser inaugurado em breve; e a TransParaíba que vai levar as águas de Boqueirão para o Curimataú. A TransParaíba está em licitação e vai beneficiar 19 cidades paraibanas, sendo também uma obra complementar à da transposição do São Francisco, mas que será feita com recursos próprios”, explicou.
Na palestra, Ricardo também destacou a atual situação dos reservatórios da Paraíba. “Temos 126 reservatórios monitorados, os maiores estão abaixo da capacidade esperada e 44 se encontram em situação crítica. Dos 223 municípios do Estado, 196 estão em situação de emergência devido à falta de chuvas. Estamos com cinco barragens em construção que daqui para o fim do ano, acredito que estarão prontas e já recuperamos muitas barragens com recursos próprios. Fizemos uma nova barragem de Camará que rompeu em 2004, mas tivemos a capacidade de reconstruí-la para o bem do povo, um investimento na ordem de R$ 48 milhões, enfim, temos um olhar muito especial para a área hídrica”, ressaltou.
Sobre a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), o governador comentou: “No país, uma empresa pública tem uma certa dificuldade de tocar seus trabalhos, mas a Cagepa teve um superávit, no ano passado, e neste ano já superamos o número de 2016. Eu acredito que a distribuição de água deve ser feita por uma empresa pública e por isso mantemos esta companhia na Paraíba”.
Ricardo finalizou a conferência lembrando que a imagem que muitos ainda têm do Nordeste é errada, já que a Região, antes vista apenas como subdesenvolvida, tem crescido muito e possui os melhores indicadores de situação fiscal. “A Paraíba, por exemplo, tem uma das menores dívidas públicas, tem uma boa capacidade fiscal e continua com grandes obras e investimentos, porque só é possível sair da crise através de investimentos para alavancar a economia”, afirmou.
“A transposição é um golpe no coronelismo, no sistema oligárquico e na indústria da seca que controlou por muito tempo a região Nordeste”, concluiu o governador.
O VI Workshop Internacional Sobre Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Bacias Hidrográficas se estenderá até o próximo sábado (15) com o objetivo de consolidar e dar continuidade ao espaço de interlocução e troca de experiências entre os pesquisadores, gestores de organizações e integrantes das comunidades que atuam e têm interesse na área de planejamento e gestão de bacias hidrográficas.