Uma força-tarefa coordenada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) fará o trabalho de controle e prevenção da gripe suína na Paraíba. A informação foi fornecida pelo secretário de Saúde, José Maria de França, durante coletiva concedida, na tarde desta quarta-feira (29), no auditório do Hemocentro. “Não existe motivo para pânico e no caso suspeito que foi detectado na cidade de Patos os médicos já colheram amostra para exame. O resultado deve sair em 10 dias”, acrescentou.
A SES notificou ao Ministério da Saúde, nesta quarta-feira (29), o primeiro caso suspeito de gripe suína, no Estado. A paciente mora em Patos e chegou do Texas (EUA), na quarta-feira da semana passada, pelo Aeroporto dos Guararapes, em Recife-PE. Ela está internada em isolamento no Hospital Regional de Patos. No mesmo dia em que foi notificado o caso, o secretário colocou a estrutura da SES à disposição da ‘força-tarefa’ formada para prevenir e enfrentar a doença, no Estado.
Sobre o caso suspeito, José Maria de França explicou. “Não há confirmação desse caso ainda, como não há dos outros 20 notificados no País. Fui informado nesta quarta-feira, que o quadro da paciente já era estável e que a febre já havia cedido. É normal que as pessoas se apavorem e é até bom que tenham medo dessa doença, porque terão mais cuidado para se prevenirem contra ela. Acredito que a Paraíba e o Brasil não terão uma epidemia, pois todas as providências de prevenção e enfrentamento estão sendo tomadas”, disse.
O secretário disse que toda a estrutura da SES foi colocada à disposição da comissão que está traçando o plano estratégico de prevenção e enfrentamento da doença, no Estado. Ele anunciou que qualquer rotina deve ser quebrada, em caso de emergência. O grupo é coordenado pela Gerência de Vigilância em Saúde e composto por vários órgãos, como as agências Nacional (Anvisa) e Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa); prefeituras de João Pessoa, Campina Grande, Bayeux e Cabedelo; Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), Laboratório Central do Estado (Lacen) e Infraero. Outros órgãos poderão ser convocados, caso haja necessidade.
Providências – Também participaram da entrevista a gerente da Vigilância em Saúde, Cleane Toscano; a infectologista Helena Germóglio e a coordenadora de Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados (órgão da Anvisa), Rosângela Queiroz Barreto. “Estamos seguindo o protocolo de condutas traçado pela Organização Mundial de Saúde para prevenção e combate a situações como essa. Já passamos pela ameaça da gripe aviária e vamos passar por mais essa, tomando as providências necessárias, junto ao Ministério da Saúde e aos municípios paraibanos”, afirmou Cleane Toscano.
Controle de passageiros – A representante da Anvisa, Rosângela Barreto, garantiu que o controle tem sido rigoroso nas portas de entradas de passageiros internacionais, em todo o País e, na Paraíba, desde segunda-feira todas as recomendações estão sendo seguidas. “Nenhum passageiro de voos internacionais desembarca no Castro Pinto sem antes preencher uma ficha que a gente chama de ‘declaração de bagagem acompanhada’. Uma equipe da Anvisa está de plantão durante o dia no aeroporto e, à noite, fica de sobreaviso. Estamos monitorando as nossas entradas 24 horas”, garantiu.
Incubação e transmissão – A infectologista Helena Germóglio explicou que os sintomas da gripe aviária são semelhantes a de qualquer outra virose de vias aéreas (febre, dor no corpo, dor na garganta, vômito, diarréia e fadiga), só que com a gripe aviária a fadiga e o cansaço são bem mais intensos. “O período de incubação do vírus demora em média sete dias. Nesse período não há risco de transmissão. Esse risco aparecer quando surgem os primeiros sintomas, porque a gripe suína é transmitida somente pela secreção”, esclareceu.
Caso de Patos – A paciente de 22 anos chegou do Texas (EUA) na quarta-feira (22 de abril), desembarcado no Aeroporto dos Guararapes, em Recife, Pernambuco. Ela estava acompanhada de seus patrões e os dois filhos do casal, que moram em Patos. A paciente começou a sentir os primeiros sintomas na sexta-feira, quando já estava na casa de familiares no município de Pombos (PE). Foi atendida no PSF e recebeu medicação contra a gripe. Na terça-feira à noite, já em Patos, foi internada, em isolamento, no Hospital Regional de Patos, com febre alta, dores no corpo e rouquidão. O último boletim médico desta quarta-feira informava que a paciente não apresentava mais febre e seu estado de saúde era estável.
Representantes do Laboratório Central do Estado coletaram o material para exame e isolamento viral, nesta quarta-feira e devem encaminhar ao Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), que é a referência na região. A SES está tomando as providências cabíveis, mas lembra que – com a municipalização da saúde – a investigação, o tratamento e o acompanhamento das pessoas que tiveram contato com o caso suspeito devem ser feitos também pela Vigilância Epidemiológica de Patos. A SES recomendou que as pessoas que tiveram contato com a paciente com suspeita da doença também fossem observadas e se reservassem.
Encaminhamentos – As ações envolvendo a prevenção e o enfrentamento da gripe suína no Estado serão coordenadas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). À SES também cabe o repasse das informações do Ministério da Saúde para os municípios. Secretaria da Saúde disponibilizou para esclarecimento sobre a doença o telefone 0800.2810023.
A Anvisa já está fazendo ações de prevenção nos aeroportos do Estado e conta com uma equipe de plantão para atender casos suspeitos. Durante o dia há equipes nos locais e à noite um plantão de sobreaviso através dos telefones (8803 5972 - Rosângela; 8848 4388 – Shirley).
A Infraero está fazendo a divulgação dos cuidados e o alerta a passageiros que vêm dos países em risco (México, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Espanha). Os passageiros oriundos desses locais que apresentarem algum sintoma da gripe não saem do aeroporto sem passar pela Anvisa.
Em caso suspeito, a Infraero providenciará o isolamento dos passageiros que tiveram contato com o possível infectado e promoverá a descontaminação da aeronave. Entre os procedimentos a serem tomados ainda dentro da aeronave estão o isolamento do caso supeito, colocação de máscaras em todos os contatos e registro imediato à SES.
Todos os funcionários da Anvisa e outros profissionais que terão contato com o caso suspeito estão recebendo equipamentos de proteção individual (EPIs), como macacões, botas, luvas e máscaras.
A SES ficou responsável por adquirir mais kits de EPIs, para emergências. Os EPIs deverão ser lavados em hospitais. A SES providenciará sacos leitosos para o transporte dos EPIs.
A SES já fez contato com o Ministério da Saúde para que o órgão federal encaminhe a medicação para ficar no estoque.
O Porto de Cabedelo já tem em sua rotina a conduta de isolar passageiros que apresentem os sintomas antes da atracagem.
As unidades do Samu dos municípios de Cabedelo e Bayeux ficarão responsáveis pelo transporte de pessoas com suspeita da doença para o hospital de referência. A equipe do Samu também fará a primeira avaliação médica dos casos suspeitos.
O Hospital Universitário Lauro Wanderley é a unidade de referência no Estado para tratar os pacientes com suspeita de gripe suína.
Os hospitais da FAP e o HUAC, em Campina Grande, e de Emergência e Trauma, em João Pessoa, serão unidades de apoio e poderão ser referência para o serviço.
Os casos serão investigados conjuntamente pelos órgãos de Vigilância Epidemiológica dos municípios de origem dos pacientes e pela Gerência de Epidemiologia do Estado.
O Ministério da Saúde deverá encaminhar a SES, nos próximos dias, panfletos sobre cuidados e prevenção e recomendações aos viajantes para distribuição nos aeroportos.
Anvisa realizará reunião com as empresas de navegação.
A SES deverá produzir material educativo sobre a doença, com sintomas, serviços de referência e tratamento e mandará nota técnica a todos os municípios do Estado citando as providências a serem tomadas diante de casos suspeitos.
As secretarias municipais de Saúde devem executar trabalho educativo nos terminais rodoviários
O Laboratório Central do Estado (Lacen) fica responsável pela coleta do material em pacientes suspeitos para isolamento viral. O material coletado será encaminhado ao Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará. O laboratório é o serviço de referência para o Nordeste.
Esclarecimento – As vacinas contra a gripe que estão sendo aplicadas atualmente não protegem contra o subtipo de vírus que provoca a gripe suína.
