Bicicletas estão mudando a realidade de estudantes da zona rural, garantindo o transporte seguro e rápido à escola e eliminado a falta às aulas. Trata-se do projeto Caminhos da Escola, do Governo do Estado, que distribui bicicletas e equipamentos de segurança com estudantes que antes precisavam vencer a pé grandes distâncias entra a casa e a escola.
Um desses alunos é Rafael Antônio da Silva Mendonça, que caminhava por quase meia hora para chegar à Escola Estadual Teonas da Cunha Cavalcante, localizada em Juripiranga, onde cursa a 3ª série do ensino fundamental. “Agora não tenho tanta preocupação, nem motivo para faltar à aula”, declarou Rafael, que mora na zona rural.
“Chegava à escola cansado, com as pernas doendo, mas tinha que fazer esse esforço. Eu acordava às 6h e me ajeitava bem rápido. Saía de casa todo dia às 6h40 e chegava em cima da hora na escola. Hoje, acordo no mesmo horário, mas não tem aquela pressa porque chego mais rápido na aula. Minha família gostou muito quando cheguei em casa com a bicicleta. Me senti sortudo e feliz também”, afirmou o estudante. No total, 230 estudantes foram beneficiados com as bicicletas na escola, que pertence à 12ª Gerência Educacional de Educação (GRE), com sede em Itabaiana.
De acordo com a secretária de Estado da Educação Márcia Lucena, foram adquiridas 15 mil bicicletas e a mesma quantidade de kits de segurança (capacete, cotoveleira e joelheira), num investimento de R$ 7.409.447,00. “As bicicletas começaram a ser entregues em fevereiro deste ano aos estudantes de 14 Gerências Regionais de Educação (GRE). Das 15 mil unidades faltam ser entregues apenas 1.800, na 1ª GRE, com sede em João Pessoa e em parte da 3ª GRE, em Campina Grande”, informou a secretária, acrescentando que neste mês de novembro a distribuição será concluída.
Segundo o gerente executivo de Assistência Escolar Integrada, Alexandre Lemos, para a entrega, os diretores de escolas informaram as gerências o número de alunos inseridos nos critérios estabelecidos pela Secretaria da Educação, para o atendimento. Entre os critérios estão a distância que os alunos levam para ir até a escola, que deve ser de 6 km até 10 km considerando ida e volta, ser aluno do Ensino Médio Regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA) e alunos de escolas rurais, indígenas e quilombolas, acima de 12 anos de idade. “Para receber a bicicleta, o pai do aluno assina um termo de cessão de uso e responsabilidade. O estudante fica com a bicicleta até sair da escola”, explicou Alexandre Lemos.
Pontualidade – De acordo com o professor articulador da unidade de ensino, Francisco Soares, a principal diferença verificada após a entrega das bicicletas foi em relação à pontualidade. “Agora os estudantes chegam no horário marcado para o início da aula e esse foi o primeiro efeito da bicicleta na nossa escola. Além da pontualidade, também conseguimos a assiduidade. Eles têm vindo com mais frequência, comparecem mais às aulas. Às vezes, eles vinham pela manhã, retornavam e não voltavam mais à tarde. Agora, eles cumprem os dois turnos, praticamente sanamos essa questão. A bicicleta é uma motivação para o aluno vir a escola. Ela facilita a vida do aluno e, quando facilita a vida dele, todo mundo ganha. Porque o professor tem o aluno na sala de aula, cumprindo horário, a gente escuta menos reclamações dos alunos e tem a satisfação dos alunos e da família também, porque ela, de certo modo, também se sente privilegiada por esse apoio que o governo nos deu”, afirmou.
Caminhadas – Antes das bicicletas, os alunos caminhavam por quilômetros para assistir às aulas, o que acarretava atrasos e dificultava o trabalho do professor e o aproveitamento por parte do estudante. “Alguns moram numa distância considerável e caminhavam mais de 30 minutos para chegar à escola. A chegada da bicicleta reduz o tempo da caminhada e possibilita que o aluno descanse e chegue com pontualidade”, explicou o professor articulador.
Francisco Soares destaca outro aspecto positivo do uso de bicicletas como transporte escolar: “Também, se formos pensar na questão do exercício físico, alguns podem dizer ‘a caminhada faz bem’ e é bom que o aluno caminhe, mas a bicicleta também proporciona um exercício físico, então, a gente não perdeu em nada nesse aspecto de trabalhar o físico porque se caminhava, mas agora se pedala”, acrescentou.
Faltas – O estudante William Santos Silva, da 1ª série do ensino médio, mora em Ibiranga (PE) e demorava pelo menos 20 minutos para chegar à escola Teonas Cavalcante, em Juripiranga (PB). “Eu chegava atrasado, mas depois que ganhamos as bicicletas, consigo chegar no horário normal. Em seis minutos eu chego aqui. Tinha que acordar às 6h para conseguir chegar no horário certo, mas a distância é tão grande que mesmo assim eu chegava atrasado e recebia reclamações”, afirmou.
Entre os estudantes, o que mora mais distante é Nazário Bezerra dos Santos, que faz a 2ª série do ensino médio na mesma escola: “Eu moro no extremo de Ibiranga. Demorava pelo menos 25 minutos para chegar aqui a pé. Eu acordava às 6h e saía com muita pressa de casa. Chegava suado e muito cansado na aula, e já faltei por causa da distância. Agora é muito bom ir para a escola, chego mais cedo, e à tarde passeio de bicicleta com meus amigos que também receberam bicicletas”, contou.