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Professora da UEPB participa de projeto e Hospital da FAP recebe Câmara Termográfica

sexta-feira, 17 de abril de 2009 - 08:40 - Fotos: 

Uma interessante parceria entre a Universidade Estadual da Paraíba e o Hospital Escola da FAP (Fundação Assistencial da Paraíba) obteve recentemente uma grande conquista. Através do trabalho da professora Railda Shelsea Taveira Costa do Nascimento, lotada no departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UEPB, o Hospital da FAP recebeu gratuitamente uma Câmara Termográfica, equipamento para monitoramento de imagens, baseado na detecção da radiação infravermelha emitida por um corpo. Caso fosse comprada, a máquina custaria cerca de 90 mil dólares.
 
A Câmara Termográfica foi originada pelo Inami (Instituto de Nanotecnologia de Marcadores Integrados), coordenado pelo professor Oscar Malta, da Universidade Federal de Pernambuco. O equipamento, que já contava com uma versão mais cara no exterior, foi montado e patenteado no Brasil pelo professor Luiz Nunes, do Instituto de Física da Universidade Federal de São Carlos, juntamente com o professor Antonio Camargo, da Santa Casa de Jaú.

Como eles faziam parte da Rede de Nanotecnologia Molecular e Interfaces (Renami), projeto inicial que deu origem ao Inami o qual a professora Railda também integrava, houve um envolvimento maior entre os pesquisadores da rede, o interesse maior pelo equipamento e o desejo de trazê-lo para a Paraíba. Assim, escreveram juntos o projeto para a aquisição da Câmara Termográfica, que hoje figura na FAP como um dos equipamentos de maior destaque e eficiência na detecção não invasiva de tumores e inflamações no corpo humano.

Hoje, esta é a primeira câmara deste tipo instalada fora do estado de São Paulo. O equipamento já está em funcionamento e para habilitar os profissionais a manuseá-lo, foi promovido nos dias 3 e 4 de abril um mini curso, na intenção de também atender a necessidade do aluno da UEPB envolvido no projeto de pesquisa.

Funcionamento

A princípio, a Câmara foi buscada na intenção de se fazer o diagnóstico das complicações epidemiológicas do câncer de mama tratáveis pela Fisioterapia, mas percebeu-se que é capaz de detectar inúmeras reações patológicas.

“Temos um núcleo de pesquisa com certificação pelo CNPQ e desenvolvemos uma linha de pesquisa que é Tecnologia das Complicações do Câncer de Mama. Como essa é a minha área de atuação, resolvemos trazer a câmara termográfica para a FAP com este fim, pois ela permite a captação de imagens a partir do calor do corpo, exibindo a radiação infravermelha no indivíduo e permitindo um diagnóstico. No entanto, mesmo com pouco uso já detectamos diversas reações”, informa Railda.

Em breve, o equipamento começará a funcionar com uma coleta especial, iniciando por pacientes diabéticos, os que possuem indicativos de tumores nas regiões de cabeça e pescoço e ainda os pacientes que estão em tratamento no serviço de Fisioterapia.
 
Depois de submetidos à baixa temperatura ambiente, os pacientes são “avaliados” pela câmara, que é capaz de captar qualquer reação inflamatória em qualquer parte do corpo. Para se ter uma idéia, nos onze alunos que participaram do mini-curso e que foram examinados em caráter experimental, foram identificados tumores de tireóide, alterações vasculares em membro inferior, tumor de medula e reação inflamatória da amídala. Só isso já indica o poder de diagnóstico da câmara.

A previsão é de que, daqui para frente, cerca de 15 pacientes possam ser avaliados por dia. O procedimento é rápido e, fora o processo de climatização, que dura cerca de 20 minutos, o exame é feito em no máximo 10 minutos.

De acordo com Railda Taveira, a câmara não descarta os demais exames de laboratório, tampouco os de radiodiagnóstico. “São necessários todos os aparatos clínicos para se fundamentar um diagnóstico, porque cada um tem um propósito e se complementam. O que o projeto veio a contemplar foi a necessidade de um diagnóstico cada vez mais preciso, tanto do ponto de vista médico quanto do cinético funcional, haja vista que com a Fisioterapia nós atenderemos as necessidades das complicações epidemiológicas do câncer”.

Realização social e pessoal

Para a professora Railda, a aquisição da Câmara Termográfica para o Hospital da FAP foi muito além de um projeto social, figurando igualmente como a realização de um sonho. “Esta é uma grande conquista, alcançada a partir do esforço conjunto de muita gente. Desde cedo, selecionei a oncologia para estudar porque é uma área carente com a qual me identifico e sei das dificuldades que as pessoas encontram para enfrentar as dolorosas propostas de tratamento. Sonhei a minha vida toda em trazer os resultados das pesquisas para o seio da comunidade e, agora, conseguimos alcançar isso”.

De acordo com ela, um dos objetivos do projeto foi trazer para o Hospital da FAP e para a UEPB uma vivência científica que pudesse aprimorar o diagnóstico clínico na oncologia e, em paralelo, permitir o despertar dos alunos de Fisioterapia para a pesquisa, assim como permitir a qualificação dos profissionais da área a partir de uma infra-estrutura de laboratório que funciona semelhante aos grandes centros do país.

A UEPB, como instituição pública de ensino, também ganha com a parceria, pois os alunos podem utilizar a nova máquina no aprendizado prático, dentro do Hospital da FAP. Além disso, com o exemplo da professora Railda, cada vez mais estudantes das áreas de saúde da UEPB têm procurado se engajar em pesquisas. “Vários alunos tem me procurado e demonstram interesse maior em grupos de pesquisa. Essas coisas me deixam ciente de que estou no caminho certo”, comenta.

Para o futuro, a idéia é estender a pesquisa com Câmaras Termográficas para outras áreas da saúde, contemplando outros profissionais além da Fisioterapia. “O nosso objetivo é oferecer infra-estrutura laboratorial para que a pesquisa da UEPB possa ser subsidiada e cresça cada vez mais. A Instituição é nova e tem sido contemplada com muitos investimentos em função do compromisso com a atual administração. E o meu compromisso, na realidade, é devolver à sociedade tudo o que ela tem investido em mim, até hoje”, finaliza a professora.