O Centro Estadual de Arte (Cearte) realizou a Semana de Formação Continuada com o tema da inclusão. A iniciativa surgiu para garantir melhor atendimento aos alunos portadores de necessidades especiais matriculados no Centro. Durante dois dias, especialistas da Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad) e pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) capacitaram os professores para uma nova perspectiva sobre como lidar com diferentes necessidades e, ao mesmo tempo, integrar os alunos com a turma.
A oficina foi ministrada pela professora Lúcia Serpa, terapeuta que trabalha e ensina educação e teatro; o professor Robson Xavier, coordenador do mestrado em artes visuais, com pesquisas e estudos na área de arte e inclusão. Além das palestras, a Funad fez um debate onde foram discutidas a legislação e como as instituições devem lidar com o acesso a esse público.
Para os debates foram convidados da Funad Juliano Jamisson, que desenvolve trabalhos de reabilitação e habilitação junto às pessoas com deficiência ou de necessidade educativas especiais, através das artes; Ana Paula Soares e Silvana de Ávila Lins, indicadas pela gerente de Inclusão e Diversidade da Educação, Maria Botelho, para falar sobre os encaminhamentos dos suportes que terão as escolas vinculadas à Secretaria de Estado da Educação.
A intenção, segundo a gestora do Cearte, Laura Moreno, foi oferecer uma formação para a acessibilidade. “Era preciso aprofundar o tema e dar espaço para a reflexão, uma vez que nossa equipe é formada no campo de conhecimento da arte, são artistas docentes inquietos por dialogar e se aproximar desse conhecimento, sem nenhuma experiência nos temas da inclusão”, comentou. “Fizemos uma conversa bem eclética, diferenciada, foram dois dias [fevereiro], de manhã e tarde. Foi bem intenso, só pensando sobre inclusão e acessibilidade, no âmbito do ensino da arte”, frisou.
As palestras – A professora Lúcia Serpa fez a palestra “A Sala de aula e a Diferença”, uma espécie de introdução da Formação Continuada. Na palestra, a terapeuta pontuou sobre as diferenças na sala de aula e que antes de aprender a lidar com as diferenças dos alunos com deficiências aparentes, é importante que as pessoas olhassem para as próprias diferenças para verem como se relacionam com o diferente. “Todos somos diferentes e isso deveria ser enriquecedor para todos nós, mas traz rejeições, medos, tanto que o que está acontecendo é um desenvolvimento da violência, banalizando as relações humana”, entende.
Já Robson Xavier, com a palestra “Arte e Inclusão”, tratou da relação entre arte e processo de inclusão, voltado especificamente para como trabalhar com a arte na perspectiva da educação não formal, no que implica a ideia de educação inclusiva para a formação geral, e da arte, em particular as artes visuais.
Em relação ao trato entre professores e alunos com deficiências, o professor explicou que depende de cada questão. “Pessoas com necessidades especificas precisam de tratamentos específicos”, explicou. No entender de Xavier, o processo de inclusão deve ser amplo e generalizado. “Qualquer indivíduo, independentemente de ter ou não deficiência, pode estar inserido no conceito de inclusão”, esclarece.
Sobre a importância de reunir em uma mesma sala de aula alunos com deficiência e outros sem deficiência, Xavier acredita que é um avanço e que se está criando uma nova geração onde existe uma aceitação do diferente, mas argumenta que é preciso ser pensando um currículo que atenda a essas diferenças e que não seja padronizado, nem proponha a mesma atividade para todos. “Todos aprendemos de formas diversificadas. Neste ponto é preciso ter uma estratégia pedagógica que dê conta dessa diversidade de aprendizagem”, pontuou.